segunda, 06 de maio de 2024
Euro 5.4908 Dólar 5.0725

COMO ANALISAR AÇÕES ANTES DE ESCOLHER QUAL COMPRAR?

Redação - 29/05/2021 08:21 - Atualizado 29/05/2021

Essa, sem dúvidas, é a pergunta mais comum entre os investidores iniciantes que querem entrar para o mercado de renda variável – ou seja, que aceitam se submeter a riscos a fim de obter rendimentos mais elevados a curto ou longo prazo. A verdade é que muitos investidores experientes também se fazem essa pergunta todos os dias. Existem diferentes formas de analisar a saúde financeira de uma companhia e, assim, decidir se vale a pena ou não investir em suas ações.

Os tipos de análise mais comuns no mercado financeiro são conhecidos como análise técnica e análise fundamentalista. Geralmente, os analistas usam esses dois métodos, conjuntamente, para recomendar aos seus clientes em quais papeis vale investir. Dominar bem esses métodos de análise não é algo tão simples. Requer anos e anos de estudo e cursos e mais cursos de especialização. Por isso mesmo, profissões como analistas de mercado e assessores de investimento são tão requeridas: por conta da sua qualificação.

É indispensável para quem deseja investir em renda variável buscar a ajuda de um profissional. Ainda assim, faz bem entender as diferenças entre os vários métodos de análise – até para poder conversar com o seu consultor de forma mais prolífica. Em mais um capítulo da série do CORREIO voltada para investidores iniciantes, vamos entender quais as diferenças entre os métodos de análise de ações: fundamentalista e técnica.

Análise fundamentalista

A análise fundamentalista busca traçar um retrato profundo da saúde financeira de uma empresa listada na Bolsa de Valores. De forma ampla, o especialista observa o histórico dos balanços contábeis e as demonstrações de resultado das companhias. Ou seja: ele observa os passivos da empresa, o aumento ou não do seu patrimônio, a evolução das suas receitas, o volume de produtos e serviços que tem gerado, entre outros parâmetros.

Além disso, analisa o cenário econômico em que aquelas empresas estão inseridas: se trata-se de um setor em expansão ou em queda, se existem incentivos do governo ou do próprio mercado para que elas cresçam, entre outros. Também estipula um ‘preço justo’ para as ações considerando esses elementos históricos e o potencial da empresa gerar valor no longo prazo.

Um dos mais conhecidos ‘exploradores’ dessa técnica é o bilionário e empresário estadunidense Warren Buffet, figura icônica do mercado financeiro. Ele prega a estratégia do ‘buy and hold’, ou seja, comprar ações de empresas que estão em baixa e não vendê-las aguardando uma valorização a longo prazo. O grande objetivo dessa análise é lucrar na diferença de compra e venda das ações a longo prazo. Ou seja, estudando a fundo a saúde financeira daquela empresa, seria possível entender o seu momento e traçar perspectivas futuras de valorização.

Como funciona?

Os analistas fundamentalistas usam um conjunto de ferramentas que investigam tanto o cenário micro – ou seja, observando o status da própria empresa e da sua operação – como o macroeconômico – análise do mercado em que ela está inserida, conjuntura dos países em que atua e por aí vai. Macroeconômico – Nível de atividade (PIB do país, emprego, renda); Inflação (preço dos ativos, poder de compra do país); Taxas de juros e de câmbio (oportunidade de investir em renda fixa, crescimento do mercado nacional, preço dos ativos em dólar, competitividade no mercado internacional)

  • Setorial – Tamanho do setor em que atua e faturamento geral (dados sobre renda per capita de quem consome, poder de compra dos consumidores, comparação com outros países); Capacidade instalada do setor (oportunidade de investimento e crescimento do setor, concorrência, diferenciais competitivos, tecnologia utilizada); Importação e exportação; Novos produtos e entrantes (possibilidade de gerar novos serviços no setor, barreiras de entrada para competidores).
  • Análise da empresa – Observar fluxo de caixa, histórico de demonstrativos de resultados da empresa, histórico de balanços patrimoniais, análise de crescimento ou de redução do passivo e das dívidas.

Análise técnica

Alguns reduzem essa análise chamando-a de ‘análise gráfica’. Isso porque, explicando de maneira muito simplificada, esse método busca prever a valorização ou não de uma ação baseando-se no histórico que elas apresentam nos gráficos dos preços das ações. Essa abordagem foi popularizada pelo jornalista Charles Dow, fundador do Wall Street Journal, uma das principais publicações sobre investimento do mundo. Dow empresta seu nome ao mais conhecido e clássico índice de ações estadunidenses, o Dow Jones.

Entende-se que o preço do ativo – portanto, da ação – sempre reflete o conjunto de informações que se tem sobre aquela companhia naquele determinado momento. Tirando casos totalmente excepcionais como desastres naturais ou uma pandemia como a da covid-19, o preço é um parâmetro que ‘resume’ a avaliação dos investidores. Em outras palavras, o preço da ação num determinado momento reflete se o mercado estava otimista ou não em relação aos rumos daquela empresa, se avaliavam ela como muito cara ou muito barata, se avaliavam que o mercado em que ela estava era promissor e por aí vai.

Em suma, a análise técnica é como um estudo da variação do preço da ação de uma empresa ao longo do tempo. A arte de analisar como o preço respondeu a eventos do passado para entender o que ocorre no presente e tentar interpretar o futuro – ou seja, se vale a pena investir nela ou não.

Para quem serve?

De forma geral, a análise técnica pode ser uma boa ferramenta para quem deseja obter ganhos de curto prazo. Isso porque o interesse não está tanto na empresa em si e na performance dela no mercado, mas sim em identificar tendências comportamentais. O objetivo central da análise é antecipar essas tendências, de queda ou de subida. Quer dizer: observar, por meio de padrões históricos nos gráficos, o momento em que uma determinada ação está iniciando um ciclo de valorização. Daí, adquirir as suas ações antes que os preços delas, de fato, subam.

Com isso, é possível aproveitar todo o ciclo de valorização do ativo. E, ao conseguir antecipar também o momento de desvalorização, vender a ação antes que a queda do preço ocorra – obtendo, em teoria, o maior lucro possível. Um dos mais bem sucedidos investidores (ou especuladores) do mundo, George Soros, é um defensor do método de análise de gráficos, e diz ter construído a sua fortuna, de quase 9 bilhões de dólares, com um uso amplo desses métodos.

Análise fundamentalista x análise técnica

De forma resumida, eis os fundamentos de cada tipo de análise, fundamentalista e técnica:

Fundamentalista:

  • Avalia balanço patrimonial, fluxo de caixa e outros documentos contábeis e econômicos;
  • Mira a valorização do ativo a longo prazo, por anos e até décadas
  • Avaliação costuma demorar meses, para obter resultados econômicos oficiais
  • Perfil de investidor conservador, focado no longo prazo
  • Objetivo é construir patrimônio com valorização das ações a longo prazo

Técnica:

  • Avalia o histórico de oscilação dos preços das ações por meio de gráficos
  • Mira a valorização do ativo a curto prazo, em dias ou até em minutos
  • Avaliação é instantânea, por meio de gráficos atualizados em tempo real
  • Perfil de investidor mais arrojado, até mesmo day traders
  • Objetivo é comprar para valorização rápida e venda a curto prazo

Foto: divulgação

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.