A Petrobras continua firme na venda de ativos fora do eixo Rio de Janeiro – São Paulo, jogando todas as fichas da exploração e produção de petróleo e gás natural no pré-sal, concentração que não deixa de representar ponto de vulnerabilidade. A produção em terra é de menor custo e apesar de aplaudirmos os avanços do pré-sal, que já representa mais de 70% da produção nacional, a margem de contribuição desse negócio fica estreita quando o preço do petróleo no mercado global fica próximo de US$40/barril, como agora. O preço internacional do óleo passará a influenciar mais a economia interna do Brasil quando empresas multinacionais, como o Mubadala, com a provável compra da RLAM e do Temadre na Bahia, iniciarem atuação como fornecedoras de gasolina e óleo diesel no mercado doméstico.
A divulgação feita pela Petrobras na semana passada, da oportunidade de venda de sua participação em onze concessões de campos de produção terrestres, com instalações integradas compostas 3.000 poços, 17 estações de tratamento, uma estação de gás, 350 km de gasodutos e oleodutos, três bases administrativas localizadas em diferentes municípios do Estado de Sergipe, conhecidas como Polo de Carmopolis, se somam a outras iniciativas de venda anunciadas pela estatal, como as seguintes:
As vendagens dos ativos da Petrobras, segundo informações divulgadas pela própria empresa, cumprem decisão alinhada à estratégia de otimização de portfólio e à melhoria de alocação do seu capital, concentrando seus recursos em ativos de águas profundas e ultra profundas com alta produtividade.
As alienações que estão sendo promovidas pela Petrobras têm agitado o setor com a entrada de empresas que ampliam o leque das petrolíferas e incentiva oaumento da atividade de refino no Nordeste. Não se deve deixar de registrar a chance que tem o governo de realizar investimentos em infraestrutura, principalmente com a abertura de novas estradas para os campos produtores, a construção de dutos de transporte e ampliação dos terminais marítimos. Vale apontar que as atividades petrolíferas tendem a ocupar espaço fora do litoral, de muita importância para a interiorização da atividade econômica. De igual modo se deve pressionar a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para incluir novas áreas do Nordeste nos próximos leilões, sendo necessário a realização de estudos prévios de prospecção de competência dessa agência.
O petróleo, em que pese os avanços de outras fontes energéticas consideradas não poluentes como as geradas pelo vento e luz solar, continuará sendo, por muito tempo, importante matéria prima da indústria química e petroquímica e usado mundialmente na geração de energia devido ao seu baixo custo de produção e versatilidade de uso, constituindo-se de insumo notável na multiplicação da riqueza e do progresso.
Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]