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ADARY OLIVEIRA- A NOVA ERA PÓS PANDEMIA

Redação - 06/07/2020 07:03

A retomada da economia mundial virá com novos hábitos e costumes e não mais teremos a vida como era nos tempos pré-pandêmicos. Um número menor de pessoas voará nos aviões de carreira e usa carros próprios nas suas locomoções. As reuniões virtuais serão mais frequentes e os funcionários das grandes empresas deixarão de locomover-se para participar de grupos de trabalho em locais distantes. As viagens serão reduzidas e haverá diminuição da ocupação de hotéis, restaurantes e mesmo de atividades turísticas. Haverá minoração do consumo de combustíveis e até da necessidade de roupas usadas em encontros sociais.

Em compensação se fará mais lives, a oferta de softwarespara as vídeo-conferências aumentará a cada dia e elesserão mais sofisticados e de menor custo. As aulas on lineinvadirão as residências e o ensino à distância se firmará como novo marco no universo da educação. Quando surgiu a Internet o mundo se deu conta de que esse novo modo de comunicação estava criando entre os mais pobres uma classe inferior sem acesso à informação. Em muitos países o governo passou a distribuir gratuitamente computadores para as famílias de baixa renda, evitando assim a aumento dos desníveis sociais. Os países que não se deram conta disso estão vendo agora os cidadãos de menor poder aquisitivo se afastarem mais da classe médiae se isolarem dentro da comunidade.

Os analistas das grandes companhias de petróleo, conhecidas como majors, afirmam que a demanda por produtos do refino nunca mais retornará para os níveis alcançados antes da erupção do coronavírus. A queda de 30% do consumo, verificada hoje, permanecerá por muito tempo e as inversões nos ativos desse setor diminuirão drasticamente. Se isso acontece no mundo gerador de energia é porque as pessoas estão se movimentando menos, ficando mais acomodadas. O fato de oscombustíveis estarem no início de uma grande cadeia produtiva permite estender o pensamento sobre o que vai acontecer daí em diante.

Por outro lado, a necessidade de espaços residenciais maiores com amplos home offices fará decrescer a procura por moradias de poucos metros quadrados, diminuir a fabricação de automóveis, abaixar o número de aviões taxiando e a contenção da demanda por produtos do vestuário. Por outro lado, crescerão os ofícios de entrega, os cuidados com higiene pessoal, os serviços residênciais de corte de cabelos e depilação, as visitas médicas e a indústria de alimentos pré-fabricados. As geladeiras aumentarão de tamanho e o transporte por aplicativos continuará em expansão. O mundo vai se dar conta de que a geração de energia eólica é mais vantajosa e de que o aproveitamento da luz solar como fonte de força motora é a mais racional de todas.

Uma grande companhia holandesa há tempos abandonou o mercado de eletrodomésticos e passou a se concentrar no setor de equipamentos de saúde. Acredita ela na evolução dos diagnósticos de imagens, nas cirurgias robóticas e na telemedicina. O avanço nessa área será superior ao que assistimos nas comunicações. Estão evoluindo rapidamente os serviços, as análises laboratoriais, a pesquisa científica, a fabricação de fármacos e medicamentos. Se antes esse caminho já havia sido delineado, agora com a necessidade do confinamento residencial, ninguém sabendo ao certo por quanto tempo, tudo vai contribuir para mudanças inimagináveis no cotidiano das pessoas.

O que não se pode permitir na vida de cada um de nós é que seja negligenciada a realização de exercícios físicos e a prática de esportes. A nova onda de construção de calçadões e ciclovias nas cidades é algo que não pode retroagir. Cada um de nós não deve aceitar o uso indiscriminado de medicamentos nem a prática exagerada de dietas alimentares para redução de peso. Desse modo, nas nossas vidas futuras seremos levados a ver, noscontroles de gastos domésticos, a conta da farmácia crescendo e aproximando-se da conta do supermercado, que declina com o avanço da idade.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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