Por: João Paulo Almeida
BE – O mercado imobiliário tinha uma expectativa boa para 2020, com alguns lançamentos já encaminhados. O senhor acha que o ano vai permanecer bom depois da pandemia do coronavírus?
O momento exige muita cautela e ainda é cedo para estabelecer projeções, tudo ainda é muito incerto. Entretanto podemos afirmar que as pessoas estarão mais propensas a investir em ativos que tenham características de proteção ao patrimônio, e o setor imobiliário como um todo apresenta essa resiliência e proteção. Por isso acredito que o setor se sairá bem após esse período de pandemia.
BE – Como o senhor avalia a posição do mercado imobiliário depois desse período de pandemia?
Esta crise tem origem de saúde pública com impacto global, não se trata de alguma falha no sistema financeiro, déficit fiscal ou de demanda. Os incentivos que os governos e bancos centrais darão para estimular a economia será sem precedentes na história, e isso indiretamente trará benefícios para o setor imobiliário, por exemplo, com a queda das taxas de juros incentivando a aquisição de imóveis.
BE – Existe a possibilidade de demissão ou não contratação de mão de obra depois desse período?
Conforme as expectativas acima descritas se concretizarem, teremos novas contratações para atender uma demanda crescente. Basicamente são combinações de aumento da procura pela proteção ao patrimônio somado ao estímulo de crédito imobiliário.
BE – Como o senhor avalia as medidas fiscais adotada pelo governo federal para ajudar o empresário de todos os setores nessa quarentena?
As medidas de estímulo à economia, particularmente do Bacen e BNDES, foram bem robustas e rápidas. Estão de acordo com o tamanho do problema. Entretanto temos muitos desafios pela frente para fazer com que essas medidas cheguem de fato ao pequeno e médio empresário, que precisa de apoio no curto prazo para manter seus colaboradores e projetos. O sistema financeiro nacional, em especial os grandes bancos, não estavam preparados para essa nova régua de análise de crédito de PME´s, de maior risco, o que pode concentrar esse apoio em médias e grandes empresas, que naturalmente apresentam menor risco para os bancos.
BE – Quanto tempo a construção civil vai levar para se recuperar da crise?
Ainda não podemos atribuir um tempo, depende de muitos fatores, mas se as condições de estímulo chegarem rápido, principalmente aos pequenos e médios incorporadores e loteadores, as chances de uma recuperação bem rápida é grande. Como citei acima, se na ponta das empresas esse estímulo chegar rápido, e na ponta dos adquirentes também chegar financiamento imobiliário com juros mais baixos associado ao maior interesse de adquirir ativos de proteção ao patrimônio, teremos o ambiente perfeito para uma recuperação rápida e sustentável.
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