A equipe de Nelson Teich no Ministério da Saúde deve receber, nos próximos dias, ao menos cinco nomes indicados pela ala militar para cargos estratégicos. As mudanças devem reforçar o que secretários estaduais e gestores do SUS estão chamando de “tutela” do Palácio do Planalto e da área militar, que já tem o secretário-executivo, o general Eduardo Pazuello, “número 2” na hierarquia da pasta.
Ao anunciar Teich, o presidente Jair Bolsonaro chegou dizer que daria liberdade para o médico escolher parte da equipe, mas reconheceu que também indicaria nomes. “Ele vai nomear boas pessoas, eu vou indicar algumas pessoas também, porque é um ministério muito grande. Foram sugeridos nomes sim, para começar a formar um ministério que siga a orientação do presidente de ver o problema como um todo e não uma questão no particular”, afirmou o presidente em 16 de abril.
Uma das principais mudanças previstas é a nomeação do coronel Alexandre Martinelli Cerqueira na Diretoria de Logística (DLOG), área responsável por compras do ministério. O militar deve ocupar a vaga de Roberto Ferreira Dias, indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) no começo do governo Jair Bolsonaro. Em tempos normais, a DLOG realiza compras de medicamentos e outros insumos que somam cerca de R$ 10 bilhões anuais. Durante a pandemia, a pasta ficou sob holofotes por passar a fechar contratos de forma emergencial, sem licitação. Gestores do SUS reclamam desde a gestão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) sobre promessas não cumpridas de compras para enfrentar a covid-19.
O ministério distribuiu 17,6% dos leitos de UTI; 3,3% dos respiradores; 20% dos testes rápidos (contraindicados para diagnóstico) e 3% dos testes RT-PCR (recomendados para diagnósticos) prometidos a Estados e municípios. Algumas compras importantes do ministério acabaram frustradas. A pasta chegou a fechar contrato de mais de R$ 1 bilhão, que não chegou a ser pago, para receber 15 mil respiradores de uma empresa de Macau, território da China. A empresa cobrou pagamento antecipado em conta na Suíça, o que fez o governo recuar e desistir do negócio.
Além de Cerqueira, o governo Bolsonaro deve nomear os seguintes militares:
– Tenente-coronel Cézar Wilker Tavares Schwab ao cargo de subsecretário de Planejamento e Orçamento;
– Coronel Luiz Otávio Franco Duarte ao cargo de subsecretário de Assuntos Administrativos;
– Tenente-coronel Reginaldo Machado Ramos ao cargo de diretor de Gestão Interfederativa e Participativa;
– Tenente-coronel Marcelo Blanco Duarte ao cargo de assessor no DLOG
Foto: José Dias / PR