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COLUNA NO JORNAL A TARDE : ARMANDO AVENA – O CORONAVÍRUS E A ECONOMIA BAIANA

Redação - 02/04/2020 07:26

Assim como no restante do Brasil, o impacto do coronavírus na economia baiana será dramático. Em primeiro lugar, porque a Bahia tem 70% do seu PIB gerado no setor serviços, composto na sua maior parte por trabalhadores informais e micro e pequenas empresas. São os ambulantes e prestadores de serviços e milhares de bares, restaurantes, academias, salões de beleza e outros que vão ter a procura por seus serviços drasticamente reduzidas com o indispensável isolamento social. O impacto aí será na redução do consumo e no aumento acelerado do desemprego, por que a única saída para uma pequena empresa que não fatura é demitir e depois fechar. Só o governo federal pode evitar esse efeito dramático, transferindo recursos diretamente para o trabalhador do mercado informal ou assumindo a folha de pessoal das empresas, seja diretamente ou disponibilizando crédito barato. O governo anunciou que vai transferir 600 reais para os trabalhadores informais e que vai disponibilizar crédito barato para as empresas, mas nada disso aconteceu e a folha de pessoal tem de ser paga até o dia 5.

Em segundo lugar porque estrutura de renda na Bahia é concentradíssima. A maioria absoluta da população baiana é de baixa renda e em Salvador 40% dela tem renda inferior a ½ salário mínimo, segundo IBGE. Famílias ricas tem renda diversificada – lucros, salários, dividendos, poupança –, mas famílias pobres dependem para o seu sustento exclusivamente da renda do trabalho, seja ele formal ou informal, e da renda de transferências, como Bolsa-Família, aposentadorias e outras. Ou seja, a medida que o desemprego aumenta, e vai aumentar mais, se não houver transferência maciça e rápida de recursos para essa população, os efeitos negativos na economia e na contaminação serão generalizados, afinal essas são as pessoas mais vulneráveis e vão romper o isolamento quando não houver o que comer em casa.

Em suma: os setores que são intensivos mão-de-obra, como o setor serviços, serão os mais impactados e são eles que empregam os trabalhadores mais pobres e de baixa qualificação que ficarão sem renda e sem proteção. Será assim na maior parte dos estados brasileiros, por isso é fundamental que o governo brasileiro fale menos e concretize mais, afinal, como disse Leopardi, o egoísmo –  bem como a  incompetência e a demagogia –  é a peste da sociedade.

                                                CRISE E OPORTUNIDADE

A recessão provavelmente marcará o ano de 2020. Mas a economia não está totalmente parada. O capitalismo é um sistema tão terrível que contrabalança setorialmente a crise e as oportunidades.  Assim, enquanto empresas ligadas ao comércio físico, as atividades de turismo, bares e restaurantes, entretenimento,  segmento imobiliário, construção civil e tantos outros não sabem como vão sobreviver à crise, outros estão trabalhando a todo carga. São os setores relacionados com  produtos de limpeza, alimentos, serviços de saúde, centros de distribuição, farmácias, supermercados e todos aqueles segmentos que foram capazes de transplantar seu negócio para uma plataforma digital e assim continuar atendendo ao público.

                                                  COMO VENCER O CORONAVÍRUS

O isolamento social  vai poupar milhões de vidas pois, achatada a curva de contágio, o sistema de saúde poderá atender muito mais pessoas. Mas para que o isolamento tenha um fim é preciso que o país, os estados e os munícipios comecem a fazer testes massivos para que, aqueles que estão curados da doença, e teoricamente imunizados, possam ser liberados do isolamento, e os que forem testados positivos mantenham-se em quarentena. O binômio isolamento total/testes massivos é a forma de vencer  a pandemia, como atesta a  Alemanha a Coréia do Sul. A  Vale, comprou milhões de kits de testes rápidos na China para ofertar ao governo, e as grandes empresas e os grandes bancos deveriam fazer o mesmo.

 

 

 

 

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