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ARMANDO AVENA –  UMA LAVA-JATO PARA OS BANCOS

admin - 27/04/2018 05:45

Os bancos são os verdadeiros donos do Brasil e um dos responsáveis pela demora na retomada do crescimento econômico. Em nenhum país do mundo, o lucro bancário é tão alto e só aqui as empresas do setor financeiro lucram mais que as maiores empresas do setor produtivo. Em 2017, por exemplo, o Itaú lucrou 24,9 bilhões de reais e o Bradesco 19,1 bilhões, enquanto a Vale, uma das maiores empresas do mundo, que atua em dezenas de setores, lucrou R$ 17,9 bilhões.

O mais grave, porém, é que o sistema bancário está impedindo a retomada mais rápida do crescimento econômico, pois está travando o mercado de consumo e o mercado de investimento, com a manutenção de juros altíssimos, mesmo com a taxa de juros básica, a Selic, em queda livre. Isso ocorre porque o sistema bancário no Brasil é um oligopólio, composto por quatro grandes bancos –  Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Banco do Brasil – que formam uma espécie de cartel, formal ou informal, que impede a queda da taxa de juros e do spread mesmo quando a taxa de juros básica do país está desabando.

Esses quatro bancos são responsáveis por 80% do crédito concedido e, mantendo juros altíssimos, inibem o crédito para o consumo e para o investimento. Existe alguma explicação razoável, por exemplo, para a taxa de juros do cartão de crédito chegar a mais de 300% ao ano, quando a inadimplência está em queda e a taxa Selic abaixo de 7%? Existe alguma explicação razoável para que o banco pague ao investidor uma rentabilidade de 0,5% ou menos ao mês e cobre juros 10 vezes maiores nas operações de empréstimo? Existe e a explicação é simples: o Estado brasileiro foi capturado pelos bancos.

As tarifas por serviços prestados, por exemplo, são altíssimas e a taxa de manutenção de uma conta pode chegar a R$ 100,00 ao mês, a transferência interbancária, que se faz com um clique, custa cerca de R$ 10,00, a anuidade de um cartão chega a R$ 600,00 e isso sem falar em outras taxas tipo manutenção de cadastro, consulta de crédito e por aí vai. Como explicar o spread bancário que faz com que o banco capte recursos a 6% ao ano e que empreste esse valor com juros 30 vezes maiores? O spread  compõe-se da inadimplência que vem caindo e não atinge 10% do total; do custo dos serviços, que é pago pelas taxas cobradas aos clientes; dos impostos que não passam de 20% do total;  do depósito compulsório, que representa apenas 4%; e o restante do spread – mais de 50% – representa o superlucro bancário.

No Brasil, os bancos capturaram o Estado e isso aconteceu pela falta de concorrência e pela subserviência do governo federal que depende deles para rolar sua imensa dívida pública. O sistema bancário brasileiro precisa ser alvo de uma operação Lava-Jato, uma investigação completa por parte do Ministério Público sobre os parâmetros e métodos utilizados por esse setor que submeteu a economia brasileira.

                                    O METRÔ MELHORA A QUALIDADE DE VIDA

Com a inauguração da estação do metrô do Aeroporto, Salvador concluiu a primeira parte de um sistema eficiente de transporte público que tem efeitos diretos na melhoria da qualidade de vida e grande impacto econômico. Mobilidade urbana é um dos principais itens nos rankings de qualidade de vida e o impacto de uma estrutura de transporte metroviária, cuja previsão é transportar 500 mil pessoas até o final deste ano, vai elevar essa qualidade em vários bairros da cidade.

Além disso, o metrô de Salvador mostrou-se um sistema de transporte de massa eficiente e autossustentável e gradualmente isso vai impactar a economia. A existência de um sistema de transporte desse porte abre novas áreas de ocupação imobiliária na cidade, cria espaços comerciais novos e reestrutura a malha urbana da cidade. Ao chegar ao aeroporto, a linha metroviária estabelece impacto direto no turismo e nos serviços interligando vários espaços da cidade ao terminal e ampliando a conturbação urbana e comercial entre Lauro de Freitas e Salvador,  abrindo a possibilidade de construção de mais uma estação, o que estabeleceria uma integração completa entre as duas cidades.

Por outro lado, a inauguração da estação do metrô no Aeroporto marca o fim da dependência da quarta maior cidade do país ao transporte de ônibus, status que se consolidará com o avanço do sistema até Cajazeiras, anunciado pelo governador Rui Costa, com a construção do BRT, ligando o Iguatemi a Lapa, cujas obras já foram iniciadas, e do VLT do subúrbio. A conclusão do metrô de Salvador é uma maneira de melhorar a  qualidade de vida da população da cidade e de ampliar a integração social da cidade, ao tempo em que abre novos espaços de desenvolvimento econômico.

                             CINCO ANOS DA ARENA FONTE NOVA

Ao completar 5 anos de operação já é possível ter uma ideia do papel Arena Fonte Nova em uma cidade como Salvador, cuja vocação é o turismo e a economia criativa. Nesse período, a Arena mostrou seu caráter multiuso e cerca de 40% dos eventos realizados em 2017 foram não-esportivos, atraindo um público de 1,1 milhão de pessoas em shows diversificados como os de Ivete Sangalo, Elton John e Paul McCartney e feiras como a Campus Party Bahia 2017, entre outros.

Eventos desse tipo impulsionam o comércio formal e informal e os serviços de todo tipo.  O show de Paul McCartney, por exemplo, elevou a taxa de ocupação media dos hotéis para 90% e a movimentação financeira global foi estimada em cerca R$ 40 milhões. Mas não se pode esquecer o futebol, responsável por 60% do público que foi a Arena nesses cinco anos e isso deve ser estimulado. O retorno para cidade veio da dinamização do comércio e dos serviços, do incremento no turismo e da geração de empregos temporários e permanentes, gerados direta ou indiretamente, e que foi estimado nos 5 anos em cerca de 200 mil pessoas.

                                                                                        O FUTURO DE LÍDICE

A senadora Lídice da Matta não é afeita a mudanças políticas bruscas. Por isso, mesmo se for alijada da chapa do governador Rui Costa – que está praticamente delineada tendo João Leão como candidato a vice-governador e o Presidente da Assembleia Legislativa, Angelo Coronel, como candidato ao Senado –  tudo indica que ela deve candidatar-se a deputada federal, negociando uma maior participação do seu partido, o PSB, no governo.

O problema é que seu partido provavelmente vai ter um forte candidato à Presidência, o ex-ministro Joaquim Barbosa e aí tudo muda de figura. Com Barbosa disputando a presidência, Lídice vai ficar cheia de alternativas: pode formar uma chapa majoritária,disputando o governo ou o senado para assim dar palanque ao candidato do PSB na Bahia; pode tentar um voo solo para senador e, se conseguir algum tipo de acordo entre Rui Costa e Joaquim Barbosa, tornar-se muito competitiva, competindo com as candidaturas ao Senado da chapa do governo;  ou, o que mais provável, passar ao largo da candidatura de Barbosa e aceitar o papel de coadjuvante na chapa do governo.

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