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BERNARDO DE MENEZES: CORONAVÍRUS PREJUDICA TAMBÉM O TURISMO

admin - 26/02/2020 09:26

Como outros segmentos da economia global, o turismo acaba perdendo, e muito, com a epidemia do coronavírus. O primeiro alerta da doença foi emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 31 de dezembro passado, praticamente um mês após o Ministério do Turismo (MTur) divulgar uma chamada pública para o credenciamento de agências de viagens brasileiras interessadas em recepcionar turistas chineses no país.

Realmente era muito difícil naquela oportunidade alguém imaginar que, pouco tempo depois (precisamente a partir de 27 janeiro deste ano), o governo chinês proibiria por tempo indeterminado as viagens turísticas de seus cidadãos ao exterior, como consequência da enfermidade. A China é hoje o país que mais espalha turistas pelo mundo, com 141 milhões de pessoas anualmente, gerando uma estimativa de gasto superior 30% das vendas do varejo de viagens em todo o planeta.

E a expectativa é de que o país supere a marca de 300 milhões de turistas internacionais em 2030 (certamente, isso não considera os riscos dos surtos de doenças que, volta e meia, colocam a Ásia nas manchetes mundiais). Sabe-se, por enquanto, que o novo surto viral já infectou mais pessoas do que a pandemia de SARS, em 2003, gerando agora custo muito ainda maior com a proibição de viagens e suspensão de voos.

Efeito cascata

 A redução ou cancelamento de voos de ida e volta para a China, de companhias aéreas como Delta Air Lines, American Airlines, British Airways e Cathay Pacific, por exemplo, gera um efeito cascata negativo sobre hotéis, lojas, cassinos, agências de viagens, enfim, toda a rede diretamente ligada ao turismo. Pelo menos duas grandes companhias de cruzeiros, a  Carnival e a Royal Caribbean Cruises, suspenderam suas saídas a partir da China, notadamente dos portos de Macau e Hong Kong.

No Brasil, a demanda chinesa não é tão expressiva quanto em países da Europa e outros do Hemisfério Norte. Mesmo assim, segundo o MTur, recebemos cerca de 60 mil turistas da China anualmente, um número longe de ser considerado desprezível. Apostando em ampliá-lo, o MTur pleiteia junto ao governo e parlamentares isentar chineses do visto para entrar o Brasil, tal como ocorre com cidadãos dos EUA, Japão, Austrália e Canadá. Aliás, uma decisão que rompeu o princípio de reciprocidade adotado historicamente pela diplomacia brasileira, sem implicar qualquer contrapartida dos países contemplados, que continuam a exigir o visto para brasileiros.

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