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CONSUMO INDEVIDO DE MEDICAMENTOS PODE CAUSAR RESISTÊNCIA BACTERIANA

Redação - 24/01/2019 19:25

Quem nunca recorreu à farmacinha de remédios disponível em casa ou no trabalho para amenizar uma dor de cabeça, um enjoo ou um mal-estar? Apesar de todas as orientações e campanhas nacionais, o consumo indevido de medicamentos tem crescido. Prova disso é que o Brasil pode ocupar até 2021 a quinta posição no ranking global entre os maiores mercados farmacêuticos do mundo, segundo dados da EMIS Insights – empresa que fornece informações estratégicas de empresas, setores e países dos mercados emergentes.

Esses dados acendem um alerta sobre a necessidade de conscientização do uso racional de medicamentos no país. O tema é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), também inserido na Política Nacional de Medicamentos, e visa orientar as pessoas a utilizarem medicamentos apenas com prescrição e orientação profissional. O objetivo é evitar o aparecimento de reações adversas a medicamentos, resistência bacteriana a antibióticos e antifúngicos, além de intoxicações e até mesmo a morte de pacientes.

Relatório inédito, divulgado pela OMS, no final do ano passado, demonstra que o Brasil supera a Europa quando o assunto é o consumo de antibióticos, por exemplo. Segundo o documento, das 65 nações pesquisadas, o Brasil aparece como 19º maior consumidor desses remédios, com índice de 22,75 doses diárias para cada mil habitantes, enquanto os países europeus registram média de 18 doses. Essa realidade, por sua vez, gera preocupação, já que o consumo excessivo e inadequado de medicamentos pode resultar no surgimento de bactérias resistentes aos antibióticos disponíveis no mercado e gerar um caos na saúde.

Para a farmacêutica, bioquímica e professora do curso de Farmácia da FTC, Rosemilia Cunha, dois fatores contribuem para o resultado do relatório. O fácil acesso aos medicamentos e a falta de orientação profissional para a população sobre os riscos existente no consumo indevido de medicamentos. “Ninguém pensa que um remédio para dor de cabeça, comprado por R$ 4 na farmácia, pode levar à morte. A orientação médica ou farmacêutica é o que pode ajudar a prevenir essa situação, pois são esses profissionais que conhecem os benefícios e as reações adversas dos medicamentos e é isso que o uso racional propõe”, reforça ela.

De acordo com Rosemilia, a disseminação da informação sobre o uso dos medicamentos de forma racional contribui para o tratamento dos pacientes e deve ser realizado para todo e qualquer tipo de medicamento, incluindo os fitoterápicos e homeopáticos. “As pessoas defendem a ideia que se não fizer bem, mal também não faz, mas estão erradas. Todos esses medicamentos têm princípios ativos e possuem efeitos adversos”, diz ela.

Naturais ou não, o fato é que independente do tipo de medicamento a ser utilizado é imprescindível buscar sempre uma orientação profissional adequada e, principalmente, conscientizar a população que a diferença entre o remédio e o veneno não está apenas na dose, mas também, na desobediência.

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