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ADARY OLIVEIRA: QUERENDO MOSTRAR O SOL COM UMA LANTERNA

Redação - 25/12/2018 07:00

Os méritos de alguns projetos são de tal importância para o desenvolvimento econômico e social da Bahia, pela tamanha clareza, brilhantismo e indiscutível valor, que falar sobre a oportunidade de sua realização é como se estivesse querendo mostrar o sol com uma lanterna.

Desde os tempos do baiano Anísio Teixeira se sabe que nenhum projeto carrega consigo maior soma de benefícios sociais para população do que concentrar todos os esforços na educação em todos os níveis. A erradicação do analfabetismo, a obrigatoriedade de todos os pais colocarem seus filhos nas escolas para cursarem o ensino fundamental a partir dos seis anos de idade, a garantia do governo oferecer um ensino de qualidade e um ambiente de bom convívio escolar sem repetência e sem evasão, são coisas de fácil realização. Basta que se use as experiências bem-sucedidas vividas na Bahia e em outros estados brasileiros. Para mim é o projeto mais reluzente de todos.

Dentre as realizações para proverem a economia da infraestrutura logística fitando a exploração de recursos naturais, ampliação da fronteira agrícola, abertura de novo vetor de desenvolvimento do Estado e promoção da integração de seu território, nenhum projeto é mais importante do que o da Ferrovia Oeste-Leste – FIOL e o Porto Sul, este a ser construído nas proximidades de Ilhéus. No campo da exploração mineral se poderia citar inúmeras oportunidades viabilizadas por este projeto. Fico com os três mais cintilantes: minérios de ferro, bauxita e rochas ornamentais. No agronegócio, que se expande com o algodão, frutas e grãos, obtendo-se no Oeste do Estado altas taxas de produtividade, tem-se o obscurecimento quase total desta vantagem pelo elevado custo do transporte até o litoral. Ainda mais: duas fábricas de celulose de fibra curta de dimensão mundial, produto intermediário manufaturado a partir de eucalipto, de cultivo realizado com técnicas modernas de seleção de clones, poderiam ter suas exportações realizadas pelo Porto Sul, ou pelo Porto de Ilhéus, com redução de custo de movimentação e armazenagem.

No campo dos serviços, nenhum outro é mais promissor para a Bahia do que o Turismo. O que se fez em Porto Seguro, na Chapada Diamantina e em Salvador, para citar poucos exemplos, está dando certo. Não se precisa de muito para ampliar essa prodigiosa fonte de riqueza que se combina de forma perfeita com a criatividade que Deus dotou os baianos na música, nas artes cênicas, na religiosidade e em tudo que alimenta o exuberante mercado do entretenimento. A oportunidade do uso do turismo na Bahia como fonte de riqueza e realizações, tem o brilho de um sol, e não se pode querer mostra-la com a luz de uma lanterna.

Escrevi há poucos dias que o petróleo ainda não é nosso. A ida da sede da Petrobras para o Rio de Janeiro, quando todos esperavam que ela ficasse na Bahia, significou uma perda maior do que se poderia avaliar. Os seus defensores calaram-se para não parecerem que usavam argumentos tidos como bairristas. Na verdade, perdeu-se o bonde da história. Hoje, com a quebra do monopólio da Petrobras, abre-se para as companhias independentes uma excepcional oportunidade de negócios. A exploração dos campos maduros que estão sendo devolvidos pela Petrobras, a exploração do shale gas e shale oil, e investimentos em infraestrutura que o Estado promete realizar, é, sem dúvida, uma possibilidade real.

Muito se poderia escrever sobre este tema. Entretanto, para citar mais uma estrela, a mais brilhante que se instala na Bahia é o da produção de energia elétrica renovável, eólica ou solar fotovoltaica. Brilha aos olhos o aproveitamento de outra dádiva do Criador que nada economizou quando cobriu o semiárido da Bahia com fortes ventos e superabundante insolação. A luz de todas as lanternas do mundo, não seriam capazes de ofuscar essa notável e atual aplicação.

Adary Oliveira é presidente da Associação Comercial da Bahia – [email protected]

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