Além do início do ciclo de festas populares em Salvador, o mês de dezembro marca o início de um ciclo econômico especial para a cidade: a economia do verão baiano. A economia do verão é uma cadeia produtiva que envolve vários setores de atividades e que tem por base o entretenimento e o turismo, sob a supervisão do maravilhoso sol da Bahia. Essa cadeia produtiva é movida pelos cerca de 2 milhões de turistas que aportam em Salvador, pela demanda gerada por festas de grande porte como Natal, Réveillon e Carnaval, pelos eventos de todo tipo que se sucedem na cidade no período e, principalmente, pelos próprios soteropolitanos que, animados pelo verão, ampliam sua demanda por festas, restaurantes, academias, bebidas, roupas, brinquedos e todo tipo de produto.
A economia do verão dinamiza, portanto, o comércio, a indústria, especialmente a de bebidas e produtos alimentares, e toda uma imensa gama de serviços, que só existem porque existe a festa, porque existe o sol, porque existe o verão. Sob o ponto de vista da hotelaria, é fácil avaliar o impacto da economia do verão, já que nesse período a taxa de ocupação média dos hotéis atinge quase 70%, com picos de 100% em algumas áreas e no período das grandes festas. Sob o ponto de vista do turismo internacional, levando em conta que cerca de 80 a 100 mil turistas estrangeiros desembarcam na cidade, basta estabelecer uma permanência média e um gasto médio por turista razoável, para se chegar a uma movimentação financeira da ordem de R$ 200 milhões. Naturalmente, são números aproximados, mas se cálculo semelhante for feito para a totalidade dos turistas que chegam à cidade para curtir o verão, o montante crescerá de forma exponencial.
E, vale lembrar, além dos turistas estrangeiros e nacionais, há aquele que vem do interior da Bahia, que representa cerca de 60% do total de turistas e que vem à Salvador várias vezes no verão, chegando com o espírito preparado para gastar aqui o que amealhou durante o ano. E não vamos esquecer o morador da cidade que é o elo principal da cadeia produtiva do verão, responsável pelo aumento expressivo da demanda em vários segmentos econômicos que se iluminam com o sol da Bahia.
Por fim, é preciso destacar o papel do poder público na dinamização dessa economia, pois ao iluminar a cidade para as festas natalinas, ao viabilizar a infraestrutura necessária para grandes eventos, como o Réveillon e o Natal, a Prefeitura torna a cidade mais bonita e aprazível para os seus moradores, atrai turistas e ainda viabiliza a geração de emprego e renda para uma população que sem a festa, sem a movimentação nas praias e nas ruas, não teria emprego, não teria a quem vender suas bufarinhas, nem como dinamizar o mercado informal. Em Salvador, quando chega a estação do sol, há mais trabalho, o comércio se amplia, os serviços são oferecidos em toda à parte e é assim que se cria a economia do verão baiano.
ARENA: UM HUB DE ENTRETENIMENTO
A Arena Fonte Nova fecha o ano de 2018 consolidando-se como um grande hub de entretenimento na Bahia, e com muitos projetos para 2019. No ano passado, a Arena registrou um crescimento de 10% no números de pessoas que foram ao estádio, sendo 60% desse total em jogos de futebol e o restante em eventos, com destaque para o show de Roger Walters, o Festival de Verão e outros. O número de jogos foi recorde, pelo bom desempenho do Bahia (ponto para Guilherme Bellintani), mas o público dos eventos também cresceu cerca de 10%. Hoje a Arena está próxima de sua capacidade operacional com a realização de 1 evento a cada 2,8 dias. Mas, o que torna esse equipamento importante para Salvador é o seu caráter de hub de entretenimento, no sentido de que os eventos aí ocorridos reverberam em vários segmentos da economia baiana e metropolitana.
Estima-se, por exemplo, que os eventos realizados na Arena geraram cerca de 100 mil empregos entre temporários e indiretos, atraíram milhares de turistas e movimentaram a chamada economia do entretenimento. Um exemplo do impacto positivo na economia soteropolitana foi o show de Roger Walters, que atraiu cerca de 10 mil turistas e injetou algo como R$ 20 milhões na economia. E as perspectivas para 2019 são maiores, afinal, além de 1 ou 2 shows internacionais previstos, haverá 4 jogos da Copa América em Salvador, um deles da seleção brasileira, além de vários eventos empresariais como o da Abase, que este ano viabilizou negócios entre as empresas que atingiram a cifra de R$ 300 milhões. E para completar a Arena está se integrando a economia do verão, ampliando a grade nesse período e criando o chamado “carnavalito”, um carnaval dentro do estádio. A Arena quer fortalecer o papel de hub de entretenimento e já fez parcerias com o metrô e o aeroporto de Salvador para tornar-se mais competitiva e ajudar na atração de turistas para Salvador.
A REFORMA DE RUI
A reforma administrativa que o governador Rui Costa enviou para Assembleia Legislativa foi aprovada com um custo político alto, especialmente junto ao funcionalismo público. Há quem diga que o governador agiu corretamente, afinal o rombo da previdência é de mais de R$ 4 bilhões e elevação da contribuição previdenciária dos servidores de 12% para 14% reduz o rombo. Mas há quem afirme que o montante arrecadado com esse aumento nem arranha o déficit e que o governo deveria ter esperado, pois este é um problema de todos os estados brasileiros e terá obrigatoriamente de ser objeto de medidas saneadoras por parte do governo federal. Na reforma administrativa, há quem diga que foi um erro sofrer um enorme desgaste político para não extinguir nenhuma das grandes empresas e economizar apenas R$ 390 milhões por ano, algo como 0,8% do orçamento. Talvez o corte em alguns programas e em outras tantas despesas de custeio resultasse em economia semelhante.
Há quem diga também que foi um erro fazer toda essa movimentação de pessoal, com a extinção e criação de órgãos, para eliminar 1.834 cargos comissionados e, ao mesmo tempo, criar outros 1.615 cargos, obtendo uma redução de apenas 219 postos. Mas há quem afirme que é cortando um pingo aqui e outro acolá que se equilibra as contas. Há ainda o mal leitor de Maquiavel que sempre diz que é melhor adotar medidas duras de uma só vez e no início do governo, pois aos poucos o povo esquece. É possível, mas com a redução de R$ 200 milhões nas receitas do Planserv e a provável redução na qualidade do serviço, cada vez que o servidor precisar de assistência médica vai se lembrar da reforma do governo.
EM TEMPO
Quando assumiu o segundo mandato a ex-presidente Dilma Rousseff tinha grande popularidade e a confiança dos brasileiros. Três meses depois, em abril de 2015, após adotar um fortíssimo ajuste fiscal, pesquisa CNI/Ibope indicava que 73% da população já não confiava na Presidente.