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ARMANDO AVENA: “DOS MALES O MENOR” 

Redação - 05/10/2018 07:47 - Atualizado 08/10/2018

 

No próximo domingo os brasileiros vão escolher o novo Presidente da República e a expectativa, segundo indicam as pesquisas, é a realização de um segundo turno entre o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e o candidato do PT, Fernando Haddad. Caso o cenário se concretize pareceria, à princípio, que o eleitor seria obrigado a escolher entre esquerda e direita mas não é bem assim, o que o brasileiro vai fazer será  escolher “entre os males, o menor”.   Na verdade, Jair Bolsonaro não é um candidato de direita e tampouco Fernando Haddad pode ser considerado de esquerda.

Haddad e o PT não podem ser considerados de esquerda, pois o sistema que implantaram no Brasil não buscava a implantação do socialismo ou coisa que o valha, o objetivo foi a manutenção do poder a qualquer preço e o aparelhamento generalizado do Estado, independente de qualquer visão ideológica ou objetivo de longo prazo. O PT tornou-se um partido sem ideologia e isso pôde ser comprovado quando, na eleição de 2014, a candidata Dilma Rousseff, visando apenas manter-se no poder, afirmou que o país não precisava de ajuste fiscal, que seu governo não tomaria medidas duras e ortodoxas mas, eleita, imediatamente nomeou Joaquim Levi, para implementar o ajuste que ela prometeu não fazer. Abandonando qualquer ideologia, o PT tornou-se uma organização cujo objetivo era arrecadar dinheiro ilícito, fruto da corrupção, para assim manter-se no poder. A prova disso está na delação do companheiro Antônio Palocci e na reunião por ele relatada, onde o ex-presidente Lula, entusiasmado com as possibilidade pré-sal, decide por um projeto de nacionalização cuja produção seria colocado nas mãos de empreiteiras brasileiras, argumentando que seria muito mais fácil negociar com elas recursos de propina, fruto da corrupção na Petrobras, do que  convencer as empresas estrangeiras a fazer o mesmo para financiar as campanha do PT. Haddad, e seu partido, não são de esquerda, não buscam maior igualdade social e econômica, não defendem qualquer ideologia, seu único objetivo é perpetuar-se no poder.

Bolsonaro tampouco é um candidato de direita. A direita liberal clássica não busca igualdade, pelo contrário, seu ideário admite e estimula a desigualdade econômica e social, mas também não admite a interferência do Estado, seja na economia ou no direito individual de cada um de ser o quiser do ponto de vista pessoal. Bolsonaro, pelo contrário, ataca o pilar básico do liberalismo que é o direito do indivíduo, que, segundo esse conceito, existe antes da sociedade e do Estado, e, por isso, não pode ser tomado pelo poder político. O direito à vida e a propriedade são inalienáveis para todos que se digladiam no mercado,  sejam eles negros, mulheres, homo ou heterossexuais, pois isso constituí a liberdade civil, que é a base do liberalismo.  A direita liberal clássica quer o Estado o mais fora possível da vida das pessoas, não só no âmbito econômico, mas também no âmbito pessoal, assim as pessoas são livres para adotar a orientação sexual que desejarem e não faz sentido discriminações sexistas ou racistas, pois tudo isso afeta negativamente o mercado.  Sendo assim, todo tipo de postura homofóbica, racista ou sexista não tem lugar no conceito de direita liberal, que coloca a liberdade do indivíduo como base do sistema. Nesse sentido, quando o candidato Bolsonaro adota postura contra os homossexuais ou admite qualquer tipo de discriminação de sexo ou raça ele está muito mais próximo de posturas totalitaristas e fascistas, cujo objetivo é impor a todos uma forma única de ver o mundo. Se Bolsonaro quer adotar o pensamento da direita liberal, precisa se comprometer, não apenas com a liberdade econômica proposta pelo seu guru Paulo Guedes, mas com a defesa intransigente da democracia e com o direito individual pleno e a diversidade de cada indivíduo.

O fato é que os eleitores brasileiros  irão às urnas neste domingo sabendo que dois candidatos vazios de conteúdo programático, mas munidos de uma falsa posição ideológica, estão   liderando as pesquisas. E se, como indicam as pesquisas, forem eles os candidatos que irão disputar o segundo turno das eleições, o eleitor brasileiro estará frente a uma “escolha de Sofia” e terá de decidir não o que é melhor para o Brasil, mas apenas qual dos males é o menor.

O DESTINO DO VOTO ÚTIL

O voto útil tornou-se a última esperança dos candidatos Ciro Gomes do PDT e Geraldo Alckmin do PSDB, mas, na verdade, ele pode ser a pá de cal que vai enterrar todos os candidatos. Tradicionalmente, nas eleições brasileiras, o voto útil –  aquele em que o eleitor deixa de votar no candidato da sua preferência em favor de outro nome – é dividido entre os dois candidatos que lideram a disputa, dentro da ótica do “não vou votar para perder”. Assim, no cenário atual, o mais provável é que o voto útil se divida entre Bolsonaro e Haddad. Ocorre que o candidato do PSL detém 38% dos votos válidos, o que significa que com mais 12% de votos estaria eleito no primeiro turno. É uma possibilidade muito difícil a vitória no 1º turno, pois Bolsonaro teria de agregar ao seu percentual mais de 30% dos seus votos atuais tendo, além disso, uma rejeição  superior a 40%.  Mas o voto dos indecisos, o voto para tirar o PT  e o chamado voto envergonhado, aquele que diz #Ele Não, mas na hora H aperta o #Ele Sim, podem inflar os números do candidato do PSL.

30 ANOS DE CONSTITUIÇÃO

A constituição brasileira foi promulgada há exatos 30 anos, no dia 5 de outubro de 1988. E a data merece comemoração, afinal foi, juntamente com a de 1946,  a mais democrática das nossas constituições, elaborada por uma Assembleia Constituinte eleita para esse fim. Por ser muito detalhista e por conta das mudanças que ocorreram no mundo pode e deve ser reformada, através das formas previstas nos seus próprios artigos. Causa espanto, portanto, o despudor com que o candidato Fernando Haddad e o candidato a vice na chapa de Bolsonaro estào propondo a elaboração de uma nova constituição, algo completamente extemporâneo no momento atual, afinal,  nova constituição exige nova eleição de deputados constituintes, senão é golpe.

NÃO É CACAU NEM PETRÓLEO, É SOJA

Durante muito tempo, o cacau foi o principal produto de exportação da Bahia. Hoje essa liderança pertence a outro produto agrícola: a soja, que respondeu por 21% das exportações baianas entre janeiro e agosto deste ano. O cacau ficou em 8o lugar, e o valor de suas exportações não passa de 10% do montante que a Bahia exporta de soja. Entre os cinco principais produto de exportação da Bahia estão, além da soja, papel e celulose, produtos petroquímicos e automóveis. As exportações de derivados de petróleo originárias da Refinaria Landulpho Alves e que antes lideravam as exportações baianas caíram 15% em relação ao ano passado e a produção da refinaria também continua caindo.

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