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ARMANDO AVENA: BAHIA E A CONCENTRAÇÃO ECONOMICA E DEMOGRÁFICA

Redação - 30/08/2018 08:13

Apenas 35 municípios concentram 50,4% da população baiana, segundo as estimativa divulgadas pelo IBGE. A outra face dessa mesma estatística indica que metade dos munícipios estaduais abriga apenas 15% da população. Isso significa que existe uma Bahia que se adensa e toma escala demográfica e outra que míngua e, gradualmente, se torna um deserto de pessoas.  O dado é extremamente preocupante e mostra a necessidade de uma nova política urbana e econômica para o Estado. Essa deveria ser uma preocupação dos candidatos à governador do Estado, afinal, são fatores econômicos e sociais que estão determinando o crescente êxodo de baianos que saem de seus municípios em busca de oportunidades de emprego, renda educação e saúde em outros municípios.

A economia é, sem dúvida, o fator determinante, tanto do adensamento de determinadas áreas quanto do seu despovoamento. Os 35 maiores municípios respondem por quase 70% do PIB estadual, um nível de concentração econômica extremamente alto e que faz desses municípios um verdadeiro imã a atrair os jovens.  Mas a concentração econômica na Bahia é maior do que se imagina e apenas 10 municípios detém 51% do PIB e destes 5 estão na  Região Metropolitana de Salvador. Sozinha, a RMS é responsável por 40% da formação do PIB baiano, assim não é de estranhar que a população se mobilize para essa região e seu entorno.  Do outro lado, metade dos municípios baianos são responsáveis por menos de 4% a geração do PIB. Nesses municípios, não há qualquer atividade econômica significativa e a economia local tem como fonte de renda apenas o Bolsa Família e as aposentadorias do INSS. A maioria absoluta desses munícipios sofrem anualmente com a seca. Neste momento, por exemplo, 195 municípios baianos  estão em estado de emergência por conta do fenômeno climático. Na Bahia, entra governo e sai governo e nada de novo se faz em relação a questão da seca, embora a economia do semiárido  já seja rentável e sustentável quando o governo estabelece programas, viabiliza crédito e extensão rural.

Mas o problema econômico da Bahia se enrosca com a questão urbana. Como isso jamais foi viabilizado, a Bahia tornou-se um estado em que 1 em cada 5 pessoas – representando 23,4% da população ou cerca de 3,6 milhões de baianos –  vive nas duas maiores cidades estaduais: Salvador e Feira de Santana, as únicas com mais de 500 mil habitantes. Sem metrópoles médias no interior, não há como estabelecer uma rede integrada de cidades e articular a malha econômica local, e isso para não falar na infraestrutura.  Essas são apenas algumas das razões que explicam porque os jovens estão abandonando as pequenas cidades do interior baiano e porque a concentração econômica e demográfica está aumentando, mas, analisando melhor, a principal razão é uma só: o sertão nunca foi prioridade para os governos da Bahia.

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