As lideranças empresariais e políticas da Bahia precisam se mobilizar para garantir que os candidatos à presidente da República coloquem a conclusão da FIOL – Ferrovia Oeste-Leste como prioridade de governo. E não apenas o trecho principal, ligando Ilhéus a Caetité, mas também os trechos 2 e 3 ligando Caetité a Barreiras e depois a Figuerópolis, no Tocantins. Se chegar até Barreiras, a ferrovia estará a cerca de 400 quilômetros da área de produção agrícola mais nobre do Brasil e próxima da Ferrovia Norte-Sul o que vai permitir que a produção de grãos da região possa sair pelo portos baianos.
Em Figuerópolis, a Fiol, entroncará com a Ferrovia Norte-Sul e a FICO – Ferrovia de Integração Centro-Oeste, assim os portos da Bahia estariam na rota por onde escoará o grosso da produção brasileira de grãos, colhida nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e estimada em mais de 60 milhões de toneladas. Se isso for feito, a Bahia estará integrada totalmente às rotas brasileiras de exportação e a futura ferrovia Biocênica, que mais cedo ou mais tarde será construída.
Dito isso, vale lembrar que a mineradora Vale, para conseguir do governo federal a renovação de suas concessões, está se comprometendo a realizar a construção da FICO – Ferrovia de Integração Centro-Oeste, ligando o Mato Grosso a Goiás na altura de Campinorte, ao custo de R$ 4 bilhões, que serão bancados integralmente pela empresa privada. Ora, cabe de imediato perguntar que critério o governo federal está utilizando para trocar a renovação da concessão da Vale pela construção do trecho que beneficia os estados do Centro Oeste, e por que privilegiou esta ferrovia e não outra como, por exemplo, a nossa Ferrovia Oeste-Leste?
A Bahia deveria estar esperneando frente a essa permuta, como, aliás, estão esperneando os governos do Pará e do Espírito Santo que, no primeiro caso, pleiteia a conclusão do trecho final da Norte-Sul, e, no segundo, a ligação com o Rio de Janeiro. As obras de construção da FIOL começaram em 2011 e atualmente, sete anos depois, o trecho principal tem apenas 72% concluído, enquanto os demais trechos estão praticamente intocados. Dada a urgência da obra, pois se outros trechos forem construídos antecipadamente se estabelecerão como rotas de exportação, é urgente que os candidatos a governador apresentem seus planos para concluir a obra e mostrem de que maneira vão comprometer os candidatos à presidente com sua conclusão.
Além disso, é preciso que os governantes baianos sejam capazes de enfrentar a poderosa Vale cuja concessão ferroviária em território baiano – uma ferrovia ligando Salvador a São Paulo e outra ligando Juazeiro a Salvador – estão se degradando ano a ano, sem qualquer investimento de porte. Em resumo: a implantação da Fiol e a recuperação da malha ferrovia administrada pela Vale são ações prioritárias para o futuro da Bahia.
OS ARGENTINOS E O TURISMO
Como registramos na semana passada, mais de 100 mil argentinos visitaram a Bahia no ano passado, o que significa dizer que 65% dos turistas estrangeiros que aportaram aqui são provenientes do país vizinho. Para se ter uma ideia da magnitude do número, basta ver que os turistas provenientes de Portugal foram pouco menos de 12 mil, representando cerca de 7,5% do total, seguidos dos italianos com 6,1%, alemães, representando 5%, e espanhóis com 2,3%. A Europa toda participa com 32% do turismo estrangeiro na Bahia.
O Estado pode aumentar o número de argentinos que vem para o nosso estado. Para isso basta promover o destino Bahia naquele país, principalmente com anúncios televisivos, e viabilizar acordos com empresas aéreas, hotelaria e agências de turismo para estimular a vinda para cá dos mais de 2 milhões de argentinos que todo ano vão para o Sul e Sudeste do país de carro. O turista argentino sempre fica em hotel, apenas 25% prefere alugar uma casa, e o gasto médio com lazer é relativamente alto, comparado, por exemplo, com o turista nacional.
JUTAHY E A CHAPA DO DEM
Há mais mistérios na política baiana do que sonha nossa vã filosofia. Um exemplo foi a declaração do deputado federal Jutahy Magalhães, candidato a senador na chapa do DEM, que esta semana afirmou em alto e bom som que não quer o Irmão Lázaro como seu companheiro de chapa na candidatura ao Senado. Ora, na Bahia, nas eleições majoritárias para o Senado, tradicionalmente são eleitos dois candidatos da mesma coligação, assim seria bom para o candidato Jutahy Magalhães ter um outro candidato puxador de votos na chapa. Por que então rejeitar o Irmão Lázaro, detentor de forte capital eleitoral? Fonte ligada a esta coluna, garante que existe aí uma estratégia política e que Jutahy, com o apoio do PSB, estaria apostando na quebra da tradição e investindo na hipótese de, pela primeira vez em muitos anos, saírem vitoriosos no pleito um candidato do governo, no caso Jaques Wagner, e um candidato da oposição, no caso ele. A hipótese faria com que o outro candidato do governo, Ângelo Coronel, que, segundo a senadora Lídice da Matta e o deputado Marcelo Nilo, não terá o voto do PSB, fosse atropelado pela dobradinha Wagner/Jutahy. E esse cenário, exigiria que o companheiro de chapa do deputado do PSDB na disputa pelo Senado estivesse ali apenas para cumprir tabela. A estratégia parece pouco factível, (seria feita à revelia de Wagner?), sendo mais provável que o veto do candidato do PSDB esteja ligado a princípios ou a estratégias de campanha, mas que dá para ficar com uma pulga atrás da orelha, isso dá.
WAGNER CANDIDATO
Embora a imprensa do Sudeste do país continue afirmando que ele é o candidato preferido do ex-presidente Lula para substituí-lo em uma disputa presidencial, o ex-governador Jaques Wagner já declarou reiteradas vezes que não é candidato e que pretende disputar uma vaga no Senado pela Bahia. No entanto, todos querem Wagner e José Dirceu, que já não esconde de ninguém que ele é o candidato preferido pela maioria dos militantes do PT, estaria tentando convencê-lo a aceitar a empreitada, mostrando que o candidato indicado por Lula terá pelo menos 20% dos votos, especialmente se ele for do Nordeste, o que é quase uma garantia de estar no segundo turno. Na verdade, o nome de Wagner cresce a cada dia por conta de um movimento anti-Haddad, já que militantes e lideranças do PT sugerem que o ex-prefeito de São Paulo seria uma Dilma melhorada, mas com a mesma rigidez da ex-presidente no que se refere ao trato da política e dos políticos.
FAKE NEWS
Fake News, essa é a praga do mundo moderno e a luta contra elas não será uma batalha fácil, tamanho é o seu poder deletério. O problema com relação as Fake News é que só se pode fazer alguma coisa contra elas, ex post, após a mentira ter sido jogada na rede. É preciso descobrir uma forma de agir ex ante, afinal, como disse Winston Churchill, “ uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir”.