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MARCELO GENTIL: COMPLIANCE: UMA AGENDA IRREVERSÍVEL

Redação - 21/06/2018 07:39 - Atualizado 21/06/2018

 

 

Existe um consenso nas grandes companhias brasileiras que a agenda da conformidade é imperiosa e irreversível, especialmente a partir do que o mundo vem evoluindo na questão do combate à corrupção e do custo desta na competitividade dos negócios. No Brasil, o tema chegou com força a partir da Lei 12.846/13 e do Decreto 8420/15, que respectivamente dispõe e regulamenta sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, além de outras providências.

Com o objetivo de traçar um amplo diagnóstico sobre o tema, o Instituto Aberje de Pesquisa (DATABERJE), braço de pesquisas da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), acaba de concluir o trabalho “Panorama sobre Complaince nas Organizações: contexto, conceito, estratégias e práticas comunicacionais”. Participaram do estudo 62 organizações brasileiras ou multinacionais, de todos os segmentos de negócio, a maioria (58%) com capital de origem brasileira. O estudo, com coleta de dados realizada entre 9 de março e 9 de abril de 2018, buscou identificar a preocupação e o investimento em gestão e comunicação ligados a compliance (ética e transparência) como pontos orgânicos na estratégia de negócios e de relacionamento.

De acordo com o levantamento, 91% das empresas participantes possuem programa de compliance, estando os mesmos formalizados e publicados por 98% delas. Em suas políticas, regulamentos ou normas, as questões mais abrangidas pelos programas foram: código de ética e conduta, compliance do fornecedor, conflitos de interesse, suborno/corrupção, vazamento de informações privilegiadas, integridade de compras, assédio no local de trabalho, privacidade e confidencialidade dos dados, fraude e integridade financeira, relacionamento com funcionários do governo e patrocínios (culturais, sociais e/ou esportivos). Também foram citados, porém em menor escala, concorrência justa/antitruste, lavagem de dinheiro, contratos com o governo e práticas comerciais justas.

O DATABERJE apurou também que 85% das organizações que possuem programa de compliance tem uma área formal estruturada para conduzir as questões relacionadas e, em sua maioria (80%), as áreas estão posicionadas nos mais elevados níveis da estrutura organizacional. Os comitês formais de conformidade estão presentes em 79% das organizações, com prevalecimento das áreas Jurídica e de Recursos Humanos, mas também com participação de profissionais de Auditoria Interna, Comunicação Corporativa e Finanças.

Entre os aspectos mais desafiadores do programa de compliance estão os relacionados aos terceiros, consequentemente a área percebida como potencial risco para as organizações é justamente o compliance do fornecedor.A quase totalidade das organizações pesquisadas (96%) mantém canais seguros para receber reclamações e denúncias relativas à potenciais violações do programa de compliance e são utilizados tanto para denúncias internas quanto externas.

O estudo revela que a sistemática de reconhecer os colaboradores em relação à prática dos valores éticos ainda é pouco utilizada pelas empresas participantes. Apenas 21% mantém programas de reconhecimento dos seus funcionários. Por outro lado, a principal medida adotada em caso de má conduta é a demissão do colaborador envolvido.

A necessidade de treinar colaboradores tem merecido atenção especial das empresas e é hoje quase uma unanimidade entre elas, já que mais de 90% realizaram treinamento para as questões relacionadas ao compliance. Por sua vez, as métricas mais utilizadas para avaliar a eficácia encontram-se no volume de chamadas para os canais de denúncia (71%), a análise dos resultados da auditoria interna (60%) e os dados de treinamento (60%).

Para os próximos 12 meses, as empresas dizem que ainda existe um esforço para tornar os programas de compliance parte integrante da cultura organizacional, permeando, de fato, toda a empresa. O estudo do DATABERJE foi coordenado pelos pesquisadores Carlos Ramello e Gise Souza. A realização foi feita pela DMR Consulting, com concepção e planejamento de Paulo Nassar, diretor Presidente da Aberje e professor da ECA-USP, e por Hamilton dos Santos, diretor Geral da Aberje.

Nos próximos dias os associados da Aberje conhecerão o estudo completo. Com a publicação da pesquisa, a Aberje fortalece sua visão de ser um think tank de referência global em comunicação e relacionamento. Para mais informações, acesse www.aberje.com.br

 

Marcelo Gentil é diretor do Capítulo Bahia da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). E-mail: [email protected]

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