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ARMANDO AVENA: COPA, POLÍTICA E ECONOMIA

Redação - 15/06/2018 11:00 - Atualizado 15/06/2018

 A Copa do Mundo já começou e neste domingo o Brasil entra em campo com a torcida de  milhões de brasileiros. É um momento especial, afinal a sangrenta briga política que tomou conta das redes sociais poderá ter um alívio já que serão poucos aqueles que torcerão contra a seleção. Antigamente se dizia que o futebol e a Copa serviam para alienar o povo e influenciavam no resultado das eleições e a ditadura militar até que tentou usar este expediente. Mas, atualmente, com o crescente nível de informação da população,  a influência é zero na política e pequena na economia. 

Engana-se quem pensa que uma vitória ou uma derrota do Brasil terá efeitos nas eleições de outubro, pois a história diz o contrário. Em 1994, o Brasil foi tetracampeão, mas quem elegeu Fernando Henrique foi o Plano Real, que acabou com a inflação. Em 2002, o Brasil foi pentacampeão, mas isso não ajudou o governo Fernando Henrique, cujo partido foi derrotado pela oposição, que fez de Lula presidente.  Em suma: não importa se o Brasil vai ganhar ou perder a Copa, quem vai influenciar o processo eleitoral  serão outros fatores, a exemplo da  operação Lava-Jato, da situação econômica do país, da ojeriza dos brasileiros aos políticos tradicionais, da luta entre a esquerda e a direita e por aí vai.

Já em termos econômicos, o efeito da Copa também será pontual, focado em alguns poucos setores, mas sem maior impacto na economia como um todo. O setor de eletroeletrônicos, por exemplo, tanto o varejo quanto a indústria, foi estimulado e estima-se um crescimento de mais 10%, na venda de televisores, em função da Copa e em relação ao ano passado. A venda de televisores puxa a de outros produtos da chamada linha “marrom”, que inclui sons e similares e todo esse setor da indústria e do comércio se beneficiará com o evento. Por outro lado, a venda de itens relacionados com a temática da Copa, como camisas, bandeiras, adesivos e outros, deve estimular parcela do comércio, tanto formal quanto informal, assim como deve crescer o consumo de bebidas. Bares e restaurantes também devem se beneficiar, especialmente nos jogos do Brasil.

No mais, pouco vai ficar da Copa do Mundo de 2018, tanto em termos políticos, quanto em termos econômicos. No entanto, é bom lembrar que o time de Tite parece mais honesto que os políticos brasileiros e mais entrosado do que nossa combalida economia, por isso pode ser que a seleção ganhe o caneco e os brasileiros, que tão pouco tem a comemorar em política e em economia, tragam para casa o título de hexacampeão. Por isso, só resta dizer: “vumbora”Brasil!

                                                     O PIB E O PESSIMISMO

O Brasil é o país do entusiasmo. Por isso, quando as coisas vão bem ele sonha alto e as vezes tão alto que a decepção é inevitável.  É o caso das previsões sobre o PIB de 2018. Quando a economia reagiu, saindo da recessão, o entusiasmo foi tanto que  analistas e economistas, inclusive este escriba, apressaram-se em prever um crescimento exponencial do PIB,  de no mínimo 3%. Agora, que parece que este patamar não será alcançado, o pessimismo se instalou e já há quem diga que o PIB pode crescer menos de 2%. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. O Brasil saiu de uma recessão de mais de 7% em dois anos e cresceu 1% em 2017. Assim, se crescer 2% em 2018, o dobro do ano passado, o resultado será excelente. Mas, para a tristeza dos pessimistas, a economia vai crescer mais que isso e por um motivo simples. Como no 1o trimestre de 2018, o crescimento do PIB foi de 1,2%, basta que nos próximos trimestres o crescimento seja de apenas 0,3% em média para que a economia cresça 2%. Em suma, 2018 vai ser um ano de crescimento e o mercado produtivo vai crescer. Quanto ao mercado financeiro, especialmente a bolsa e o dólar, esse vai oscilar até que situação eleitoral fique mais clara.

                                           CIRO, RUI E O PDT DA BAHIA

É dado como certo que o PT não vai apoiar o ex-governador Ciro Gomes no primeiro turno da eleição para Presidente da República, embora acene com essa possibilidade no segundo turno. Essa posição desestrutura a campanha de Ciro na Bahia, afinal o ex-governador do Ceará precisa, antes de tudo,  chegar ao segundo turno e não pode ficar sem palanque no 4o maior colégio eleitoral do Brasil. A hipótese do governador Rui Costa abrir o palanque para Ciro no primeiro turno está descartada, a não ser que ele abra dissidência com o PT, que vai ter candidato apoiado por Lula. Nesse cenário, não se sabe como vai se posicionar o PDT da Bahia, que apoia a chapa de Rui, que, por sua vez, não vai poder dar palanque a Ciro. Há quem ache, por outro lado,  que o PDT da Bahia está saindo no prejuízo na aliança com o governador Rui Costa.  Afinal quem possui em seus quadros o principal candidato à Presidência da República no âmbito da centro esquerda – aquele com maior chance de enfrentar Jair Bolsonaro no segundo turno –, deveria ter lugar na chapa majoritária do governo ou pelo menos a garantia de que Rui Costa terá um palanque duplo nas eleições. Nesse imbróglio, cresce a chance do PDT buscar alianças junto ao DEM e aí a política na Bahia vai virar um samba do crioulo doido.

                                                          CIRO NO 2 DE JULHO

Não se sabe como vai ficar o PDT na Bahia, mas já se sabe que Ciro Gomes vai participar do desfile de 2 julho e que não vai desfilar na comitiva do governador Rui Costa. O Presidente do PDT da Bahia, deputado Felix Mendonça, disse ao portal Bahia Econômica que Ciro vai estar na comitiva do PDT em espaço próprio do partido, ressalvando que isso não impede um eventual encontro com a comitiva do governador.                   

                                             BAHIA: CUSTO DA VIOLÊNCIA É 12 BI

  O Fórum Brasileiro de Segurança Pública calcula em 5% do PIB o custo da violência, incluindo aí os custos de segurança e do sistema público de saúde e a perda de vidas produtivas. Adotando esse parâmetro, o custo da violência na Bahia, pago por todos os baianos, chega a R$ 12 bilhões. E se for incluído no cálculo, danos materiais, gastos com seguros, despesas judiciais e carcerárias, o montante é bem maior.  No Brasil, segundo o jornal Valor Econômico, o custo da violência chega a R$ 284 bilhões.    

                                              COPA DO MUNDO E ELEIÇÕES

 Na Copa do Mundo e nas eleições para presidente e governador é impossível saber o resultado antes do final do jogo. Por isso, não se deve menosprezar o adversário, nem entrar em campo achando que já ganhou. A Rússia, por exemplo, estava desacreditada e, no entanto, abriu a Copa ganhando de 5 a 0 e com uma atuação impecável. É verdade que o adversário era fraco, mas, de repente, o time desacreditado da Rússia tornou-se um dos favoritos. Arrogância e salto alto também são pouco recomendáveis em disputas acirradas como essas. Nunca é demais lembrar: em Copa do Mundo  e eleição o jogo só acaba quando termina.

                                                 

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