A recuperação da economia é um fato que pode ser comprovado por vários indicadores, mas a lentidão com que esse processo vem se dando está levando preocupação ao mercado. O motivo principal da lentidão é que o consumo, embora venha crescendo, ainda não deu o salto que o colocará no patamar de antes da recessão.
Além disso, o nível de ociosidade das empresas ainda permanece alto e, embora a taxa de investimento venha crescendo, seu patamar não permite apostar numa retomada mais vigorosa. É verdade, que tanto o consumo quanto o investimento devem crescer mais nos próximos meses, quando a queda na taxa de juros estabelecer integralmente seus efeitos sobre a economia mas, ainda assim, há uma nuvem de incertezas pairando no país e com isso os agentes econômicos – consumidores, poupadores e investidores – tendem a agir com cautela, adiando planos de consumo e de investimentos até que o cenário esteja mais definido.
A incerteza maior está no campo político e tem a ver com o processo eleitoral já que, faltando 5 meses para as eleições, não é possível fazer qualquer previsão sobre quem governará o país a partir de 1 de janeiro de 2019. Além disso, a possibilidade de uma nova denúncia atingir o Presidente da República põe lenha na fogueira já que um processo desse tipo traria mais instabilidade à economia e ao processo político.
Há, por outro lado, o temor que o processo eleitoral tenha efeito sobre a cotação do dólar, que, a depender de como se desenrole a disputa, poderá subir de forma exponencial, como aconteceu na eleição de Lula em 2002, quando o valor da moeda americana praticamente dobrou. Nada disso, no entanto, tem o condão de impedir o crescimento econômico e o PIB deve crescer cerca 3% este ano, pois os fundamentos da economia estão ajustados e, além disso, é alto o custo de manter o dinheiro parado, no momento em que a rentabilidade no mercado financeiro é baixíssima.
De todo modo, enquanto cenário eleitoral permanecer imprevisível – sem que haja qualquer indicação sobre qual candidato estará no segundo turno – a economia vai continuar crescendo com o freio de mão puxado.
A UNIÃO DAS OPOSIÇÕES.
Com a decisão do Prefeito ACM Neto de permanecer até o final do mandato na Prefeitura de Salvador, é fundamental para oposição manter-se unida. A tese de ter vários candidatos e esperar que um deles seja catapultado pelo candidato a presidente e vá para o segundo turno é duvidosa. Há quem cite a onda Lula que em 2006 fez o então candidato Jaques Wagner, com nenhuma pontuação nas pesquisas, vencer o então governador Paulo Souto, candidato à reeleição e franco favorito.
Não existe qualquer paralelo com a situação atual. Naquela oportunidade, Lula era candidato à reeleição e seu governo já jogava solto, atuando política e economicamente, no Nordeste e na Bahia. Agora a realidade é outra e no que se refere aos pré-candidatos à Presidência da República, não há caciques todos são índios. Assim, as oposições na Bahia precisam se unir antes, ainda no primeiro turno, para assim garantir que haverá um segundo turno.
OS BANCOS E O CHEQUE ESPECIAL
Definitivamente, o Brasil é um país submetido ao sistema bancário. O Banco Central começou a pressionar os bancos para que reduzissem o juro do cheque especial, mas, ao invés de qualquer medida nesse sentido, o sistema bancário anunciou com grande alarde uma mudança: não se toca nos juros, mas, após atingir 15% do limite do cheque especial, o cliente que não conseguir cobrir esse valor em 30 dias, terá à sua disposição outra linha de crédito mais barata.
Ou seja, em vez de explicar por que motivo está cobrando taxas exorbitantes, os bancos singelamente oferecem outra linha de crédito, com juros um pouquinho menores, mas, provavelmente, na mesma cadência de exorbitância. O mesmo banco que paga cerca de 0,5% por mês de rentabilidade pelo dinheiro que o cliente coloca num fundo de renda fixa, cobra 25 vezes mais, cerca 12,5% ao mês, quando o mesmo cliente utiliza o cheque especial. É um acinte tão grande quanto a corrupção detectada pela Operação Lava-Jato. O sistema bancário não consegue explicar essa diferença, nem a composição do Custo Efetivo Total da operação. Não será assim que o Banco Central resolverá o verdadeiro cartel que existe no sistema bancário brasileiro.
AS COTAS DO PLANSERV
O Plano de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos da Bahia (Planserv), conta com 503 mil beneficiários em todo o Estado e tem prestações bem menores que os planos comuns. É bom para os baianos e bom para o Plano, pois, diferente dos demais, ele não sofre com a inadimplência, pois a mensalidade é descontada no contracheque. No entanto, o Planserv
estabeleceu recentemente um limite orçamentário mensal às instituições credenciadas para prestação de serviços médicos. Essa limitação é legal, desde que o plano garanta ao usuário o atendimento solicitado em outro local conveniado. O problema é que em muitas especialidades não existe disponibilidade em outros locais conveniados. Um exemplo é a emergência pediátrica, no qual o plano disponibiliza pouquíssimos locais de atendimento.
Frente a política de cotas orçamentárias estabelecida, várias instituições credenciadas deixaram de prestar serviços ao plano. Para agravar o problema, o Planserv não é regulamentado pela Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e assim fica difícil estabelecer quais os direitos dos conveniados. Recentemente, o governo do Estado passou a gestão do Planserv para uma empresa de Santa Catarina, a Qualirede, que vem implementando medidas de contenção em todo o sistema. É preciso parcimônia e urge aperfeiçoar a política de cotas.
FÁBRICA DE FERTILIZANTES
A Petrobras adiou o fechamento da Fafen – Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia, o que permite uma discussão sobre o seu futuro, envolvendo lideranças empresariais e políticas. São várias as alternativas para a empresa, mas é preciso lembrar que não há mais espaço para subsídios no quadro atual da economia brasileira. Assim, não adianta subsidiar o preço do gás para que a empresa volte a ser competitiva.
A política de preços tem de ser igual para todos. A outra altenativa é tecnológica, ou seja, modernizar o processo produtivo e reduzir custos, mas isso não pode ser feito no âmbito da Petrobras que está implantando um plano de desinvestimento. O melhor caminho, portanto, é “dinheiro novo”, aporte de capital ou compra do controle da empresa. A empresa norueguesa Yara, por exemplo, que é líder do setor no Brasil se mostra interessada. É preciso fazer o meio de campo para a articulação desse negócio, envolvendo a Petrobras e o governo do Estado. Nos tempos atuais, a solução é uma só: menos Estado.