

O grande motor desse avanço é o crédito consignado para trabalhadores do setor privado, MEIs e motoristas de aplicativo. Beneficiados pelo programa Crédito do Trabalhador, que foi lançado em março desde ano, o volume mensal de concessões saltou de R$ 1,6 bilhão para mais de R$ 6 bilhões, um salto de 257% no ano, conforme aponta estudo do Banco Daycoval.
No entanto, a facilidade tem preço alto. Em 12 meses, os juros dessa modalidade subiram 18%. Eram de 39,1% em novembro de 2024, foram para 44% quando o programa foi reformulado, em março, a projeção do BC é de juros em 57,1% em novembro. “Em um cenário de juros altos e salários que não acompanham a inflação, a tendência é o aumento da inadimplência”, alerta Azevedo.
Para o próximo ano, o mercado projeta um “cabo de guerra” econômico. De um lado, o Banco Daycoval prevê que a manutenção da taxa Selic em 15% até março de 2026 continuará restringindo o consumo. De outro, a nova faixa de isenção do Imposto de Renda (IRPF) para salários de até R$ 5 mil deve injetar fôlego no orçamento das famílias a partir de janeiro. Segundo o Daycoval, as famílias beneficiadas concentram sua demanda em crédito habitacional (26%), consignado (24%) e cartão de crédito (19%).
Para Antonio Ricciardi, economista do Daycoval, a maior parte do ganho da isenção de renda deve ser usado para consumo, e não para quitar dívidas. “No entanto, com o novo consignado, o aumento de renda deve refletir um impulso para o programa, uma vez que a renda desta faixa da população terá aumentado”, avalia.
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