O Dezembro Vermelho é o mês de mobilização nacional e conscientização sobre o HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Uma das principais complicações decorrentes das ISTs é a infertilidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 25% dos casos de infertilidade no mundo são causados pelas ISTs, infecções transmitidas, principalmente, por contato sexual sem proteção. Causadas por vários agentes etiológicos (infecciosos) como vírus, bactérias e outros microrganismos, essas infecções representam um grave problema de saúde pública.
A gonorreia e clamídia estão entre as ISTs mais associadas à infertilidade em ambos os sexos. “Nas mulheres, elas podem comprometer as trompas uterinas e o útero. Nos homens, essas infecções causam inflamação no aparelho reprodutivo, afetando a produção e a motilidade dos espermatozoides”, explica Ana Cláudia Trigo, especialista em Reprodução Assistida da equipe da Huntington Cenafert, clínica que integra um dos principais grupos de Reprodução Assistida do Brasil. “Os danos ao aparelho reprodutivo da mulher impedem a gravidez pelo processo natural ou causam a gravidez ectópica, que é uma condição grave, quando o embrião se desenvolve fora do útero”, acrescenta.
No caso do HPV (Papilomavírus Humano), considerado principal causa do câncer de colo de útero, não é a infecção pelo vírus que afeta diretamente a fertilidade, mas os procedimentos para tratar alguma lesão pré-cancerígena ou um câncer de colo de útero causado pelo HPV podem deixar cicatrizes que afetam a capacidade reprodutiva. “Em alguns casos, o tratamento da neoplasia exige que seja feita uma histerectomia (retirada cirúrgica do útero), impossibilitando uma gravidez”, explica Ana Cláudia Trigo.
“O diagnóstico precoce e tratamento adequado dessas infecções é fundamental para reduzir os riscos de complicações graves e comprometimento da capacidade reprodutiva”, destaca Ana Cláudia. “Um jovem que contrai uma infecção sexualmente transmissível no início da sua vida sexual pode ter que conviver com sequelas para o resto da vida”, ressalta a médica. A maioria das ISTs tem cura, mas um dos agravantes dessas doenças é que, muitas vezes, elas não se manifestam em suas fases iniciais. A pessoa pode estar infectada e ser um portador assintomático, se tornando um transmissor da doença que poderá evoluir até causar danos maiores.
O tratamento de Fertilização in Vitro (FIV) é o método mais eficaz e seguro para casos de infertilidade causados por infecções sexualmente transmissíveis. “As ISTs podem deixar sequelas que comprometem a capacidade reprodutiva mesmo depois de terem sido tratadas e erradicadas. Nesses casos, quando a gravidez não acontece espontaneamente, a FIV é uma técnica que pode permitir uma gravidez segura”, esclarece a médica.
Além de estarem entre as principais causas da infertilidade, as Infecções Sexualmente Transmissiveis podem desencadear outras complicações sérias como aborto, problemas neurológicos, doenças cardiovasculares, doenças neonatais e até mesmo o câncer do colo do útero devido à infecção persistente por alguns tipos de HPV, podendo levar à morte
Prevenção
Usar preservativo nas relações sexuais, tomar a vacina contra HPV e evitar comportamento sexual de risco, como ter múltiplos parceiros, são algumas das medidas para prevenção das ISTs. “A consulta anual e a realização de exames preventivos de rotina também são aliadas da saúde reprodutiva”, afirma a especialista em Reprodução Humana.
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