

As participantes do Tech Delas, projeto da Prefeitura voltado para mulheres em situação de vulnerabilidade social em Salvador, encerraram na tarde desta quarta-feira (3) o ciclo formativo iniciado em agosto e receberam os certificados de conclusão durante cerimônia realizada na Faculdade Anhanguera – Polo Iguatemi, onde ocorreram as aulas presenciais. Ao longo da cerimônia, as alunas não esconderam o entusiasmo e a satisfação com o aprendizado acumulado, destacando transformações pessoais, profissionais e o impacto direto da formação em suas trajetórias.
A trancista Lucilane Conceição Lima, de 39 anos, moradora do bairro de Periperi, afirmou que a experiência ampliou suas possibilidades no empreendedorismo. “Através do curso, eu pude aprender bastante. Uma das aulas de que eu mais gostei foi a de IA. Com esse ensinamento, eu consegui criar o rótulo de uma hidratação que desenvolvi. Devido aos percalços da vida, eu não tinha como contratar um profissional para criar esse material e traduzir o que eu queria. A professora me ensinou a usar a IA, eu criei o prompt de acordo com o que desejava que o rótulo tivesse, a minha marca, todas as especificações da hidratação, o que ela contém e como usar o produto. Isso, para mim, foi muito importante, foi um legado que tirei do curso”, contou.
Lucilane também falou sobre o acolhimento recebido e o apoio ao ingresso no mercado de trabalho. “Tivemos uma aula psicossocial em que pudemos compartilhar problemas e dificuldades. Uma apoiava a outra. Também me chamou atenção o fato de que, além das orientações para o mercado de trabalho, o curso também fazia encaminhamentos. Tivemos a presença do SIMM em uma das aulas, atualizamos o cadastro e muitas meninas saíram com carta de encaminhamento”, disse.
Ela relatou ainda que abriu seu MEI recentemente e passou a enxergar novas possibilidades profissionais. “Hoje eu posso criar minhas coisas, chego nos lugares e consigo vender meu trabalho como trancista, área em que atuo há 21 anos”, completou.
Para Jaciara Nery, de 59 anos, moradora de Cajazeiras, o Tech Delas representou o primeiro contato direto com ferramentas tecnológicas. “Eu fiquei sabendo do projeto pelo Instagram. Fiz a inscrição e fui selecionada. Aprendi muito. Eu não sabia nada de tecnologia, de planilhas… Eu vendo joias, e o projeto me ajudou bastante a desenvolver melhor as técnicas de venda. Passei a ter contato com a tecnologia por meio das aulas; antes, meu único contato era o WhatsApp. Hoje eu já domino o ChatGPT e outras IAs. Aprendi tudo isso no curso. Espero que o projeto abra portas para mais mulheres participarem”, relatou.
Moradora da Mata Escura, Caroline Oliveira, de 39 anos, afirmou que a formação foi determinante para que ela superasse o medo de empreender. “Eu iniciei o projeto porque tinha o sonho de abrir minha própria empresa e o medo me impedia de dar o próximo passo. Com o Tech Delas, aprendi a vencer essa barreira. Aprendi que somos capazes de ir além do que planejamos, que temos potencial para crescer a cada dia”, disse.
Ela contou que aplicou imediatamente no seu negócio os conhecimentos adquiridos. “Aprendi muita coisa que pude aplicar no meu negócio, como conteúdos sobre empreendedorismo e também os cursos na plataforma Salvador Tech, fornecida pela Prefeitura de Salvador, que nos dão uma visão mais ampla para dar continuidade ao projeto. Não só iniciar, mas ter uma base de como gerir o negócio”, acrescentou.
Trabalho – A educadora social Fernanda Mendes avaliou que o Tech Delas cumpriu o objetivo de apoiar o retorno das participantes ao mercado de trabalho. “O projeto Tech Delas tem o objetivo de trazer a empregabilidade de volta à rotina dessas mulheres. Muitas estavam fora do mercado de trabalho por questões familiares ou outras situações. Aqui, elas puderam visualizar e praticar novas ferramentas nos laboratórios, participar de aulas expositivas, trazer suas experiências e entender que tudo isso faz parte do processo”, afirmou.
Fernanda reforçou que muitas participantes passaram a se enxergar como profissionais capazes de atuar com autonomia. “Temos alunas que são costureiras e não se enxergavam como empreendedoras ou tecnicamente aptas a dar uma nova roupagem ao próprio currículo. Outras trabalham com confeitaria, maquiagem, moda ou já estão conseguindo certificados na área de beleza, como cabeleireiras. Elas passaram a compreender o que é o trabalho autônomo e a importância de ferramentas básicas, como criar e usar um e-mail para reuniões, agendamentos e comunicação institucional”, explicou.
Ainda segundo a educadora, diversas alunas, inclusive, já estão inseridas no mercado de trabalho e, por isso, não puderam comparecer à formatura.
O projeto – O Tech Delas capacitou gratuitamente 20 mulheres entre 18 e 40 anos, entre agosto e dezembro, com foco em tecnologia, inovação, empregabilidade e inclusão digital. A iniciativa é desenvolvida em parceria com a Prefeitura de Salvador, através da Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), e a ONG FA.VELA, com apoio da Faculdade Anhanguera e do Governo Britânico via UK Brazil Tech Hub.
A jornada formativa contemplou trilhas de cidadania digital, empregabilidade e plano de carreira, além de apoio psicossocial, bolsa mensal e atividades presenciais na faculdade onde também ocorreu a cerimônia de encerramento.
Fotos: Jefferson Peixoto / Secom PMS



