segunda, 17 de novembro de 2025
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ADARY OLIVEIRA – ESTÁGIO ATUAL DO PROJETO BRAVE

Redação - 17/11/2025 05:00

O sisal (agave sisalana) é uma planta xerófila que suporta secas prolongadas e temperaturas elevadas. O sisal é colhido durante todo o ano e suporta a aridez dos solos nordestinos e é a fibra natural mais dura que existe. O Brasil é considerado o maior produtor mundial de sisal e a Bahia é responsável por cerca de 80% da produção nacional. O sisal é composto de aproximadamente 5% de fibras, 15% de mucilagem e 80% de suco. As folhas são desfibradas e transformadas em fios naturais quando a planta atinge três anos de vida, ou quando suas folhas atingem até cerca de 140 cm de comprimento que podem resultar em fibras de 90 a 120 cm. A vida útil da planta é de seis a sete anos e suas folhas são cortadas a cada seismeses. As sementes para uma nova planta brotam com o nascimento de uma inflorescência, a flecha do sisal. Logo após a planta morre.

Atualmente o aproveitamento econômico do sisal se restringe à transformação industrial de suas fibras em cordas diversas, fios torcidos, terminais, cordéis, tapetes decorativos, estofos, insumos de artesanato, pasta para indústria de celulose, sacarias e placas de poliuretano. O sisal atingiu seu auge quando era usado para amarração do feno na Europa, este guardado para alimentar o gado no inverno. Perdeu importância com o invento dos fios depolipropileno de valor mais baixo.

O Projeto BRAVE, liderado pela Shell em parceria com o SENAI CIMATEC e a Unicamp, visa transformar o sisal em uma fonte viável de biomassa para a produção deetanol, biogás e outros bioprodutos. Atualmente ele está passando por uma fase significativa de avanço, gerando uma expectativa muito positiva sobre seu futuro. As fases mais importantes são as seguintes:

Mecanização do Plantio e Colheita: Estão sendo desenvolvidas soluções tecnológicas para automatizar o cultivo de agave, que atualmente é realizado manualmente. A máquina “paraibana” será abandonada.

Planta-piloto: Um espaço no SENAI CIMATEC Park em Camaçari será utilizado para testes experimentais e validações de processos de produção.

Investimentos: A Shell está investindo aproximadamente R$ 100 milhões no projeto, o qual é financiado com recursos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Prazo: O projeto tem um horizonte de cinco anos para desenvolver e implementar as tecnologias necessárias.

Pesquisas Biológicas: O programa inclui pesquisa sobre genética e melhoramento das espécies de agave, além de estudos de viabilidade econômica e ambiental.

Escalonamento da Produção: Com a mecanização e tecnologia de processamento, o objetivo é alcançar uma escala industrial para a produção de biocombustíveis.

Impacto Socioeconômico: O projeto busca não apenas inovação tecnológica, mas também o desenvolvimento econômico da região semiárida, criando cadeias produtivas.

O sisal poderia progredir ainda mais com o aproveitamento do suco e da mucilagem em diversas aplicações. A mucilagem, por exemplo, pode ser utilizada na alimentação animal in natura, fenada ou silada. O seu baixo teor proteico sugere seu uso como volumoso na fabricação de rações, misturada a outros alimentos. Se retirados os elementos que a torna toxico, é uma excelente ração para galinhas poedeiras, por necessitarem de nutrientes com pouca proteína. Isso as impede de adquirir sobrepeso, tornando-as mais produtivas. O suco é rico em ecogenina, fármaco de onde se estrai corticosteroides.

Também pode ser utilizado como bioinseticida, no controle de lagartas, de nematóides e carrapatos, como sabonete e pasta cicatrizante. Existe ainda um tipo de sisal, conhecido como agave tequileiro, bastante usado no México para fabricação de tequila. As usinas poderiam ser multiplicadas em pequenas instalações e produzir tequila de modo semelhante à da produção da nossa tradicional cachaça, que também usa alambiques pequenos. Enfim, há muito que se fazer para aproveitamento integral dessa planta.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.)

sisal (agave sisalana) é uma planta xerófila que suporta secas prolongadas e temperaturas elevadas. O sisal é colhido durante todo o ano e suporta a aridez dos solos nordestinos e é a fibra natural mais dura que existe. O Brasil é considerado o maior produtor mundial de sisal e a Bahia é responsável por cerca de 80% da produção nacional. O sisal é composto de aproximadamente 5% de fibras, 15% de mucilagem e 80% de suco. As folhas são desfibradas e transformadas em fios naturais quando a planta atinge três anos de vida, ou quando suas folhas atingem até cerca de 140 cm de comprimento que podem resultar em fibras de 90 a 120 cm. A vida útil da planta é de seis a sete anos e suas folhas são cortadas a cada seismeses. As sementes para uma nova planta brotam com o nascimento de uma inflorescência, a flecha do sisal. Logo após a planta morre.

Atualmente o aproveitamento econômico do sisal se restringe à transformação industrial de suas fibras em cordas diversas, fios torcidos, terminais, cordéis, tapetes decorativos, estofos, insumos de artesanato, pasta para indústria de celulose, sacarias e placas de poliuretano. O sisal atingiu seu auge quando era usado para amarração do feno na Europa, este guardado para alimentar o gado no inverno. Perdeu importância com o invento dos fios depolipropileno de valor mais baixo.

O Projeto BRAVE, liderado pela Shell em parceria com o SENAI CIMATEC e a Unicamp, visa transformar o sisal em uma fonte viável de biomassa para a produção deetanol, biogás e outros bioprodutos. Atualmente ele está passando por uma fase significativa de avanço, gerando uma expectativa muito positiva sobre seu futuro. As fases mais importantes são as seguintes:

Mecanização do Plantio e Colheita: Estão sendo desenvolvidas soluções tecnológicas para automatizar o cultivo de agave, que atualmente é realizado manualmente. A máquina “paraibana” será abandonada.

Planta-piloto: Um espaço no SENAI CIMATEC Park em Camaçari será utilizado para testes experimentais e validações de processos de produção.

Investimentos: A Shell está investindo aproximadamente R$ 100 milhões no projeto, o qual é financiado com recursos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Prazo: O projeto tem um horizonte de cinco anos para desenvolver e implementar as tecnologias necessárias.

Pesquisas Biológicas: O programa inclui pesquisa sobre genética e melhoramento das espécies de agave, além de estudos de viabilidade econômica e ambiental.

Escalonamento da Produção: Com a mecanização e tecnologia de processamento, o objetivo é alcançar uma escala industrial para a produção de biocombustíveis.

Impacto Socioeconômico: O projeto busca não apenas inovação tecnológica, mas também o desenvolvimento econômico da região semiárida, criando cadeias produtivas.

O sisal poderia progredir ainda mais com o aproveitamento do suco e da mucilagem em diversas aplicações. A mucilagem, por exemplo, pode ser utilizada na alimentação animal in natura, fenada ou silada. O seu baixo teor proteico sugere seu uso como volumoso na fabricação de rações, misturada a outros alimentos. Se retirados os elementos que a torna toxico, é uma excelente ração para galinhas poedeiras, por necessitarem de nutrientes com pouca proteína. Isso as impede de adquirir sobrepeso, tornando-as mais produtivas. O suco é rico em ecogenina, fármaco de onde se estrai corticosteroides.

Também pode ser utilizado como bioinseticida, no controle de lagartas, de nematóides e carrapatos, como sabonete e pasta cicatrizante. Existe ainda um tipo de sisal, conhecido como agave tequileiro, bastante usado no México para fabricação de tequila. As usinas poderiam ser multiplicadas em pequenas instalações e produzir tequila de modo semelhante à da produção da nossa tradicional cachaça, que também usa alambiques pequenos. Enfim, há muito que se fazer para aproveitamento integral dessa planta.

    1. Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.)

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