quinta, 06 de novembro de 2025
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ESPECIALISTA COMENTA MANUTENÇÃO DA SELIC EM 15% E DIZ QUE FUTURO DO JUROS NO BRASIL É DE MANUTENÇÃO

João Paulo - 06/11/2025 07:20 - Atualizado 06/11/2025

O Planejador financeiro Marcelo Bolzan, em contato com o portal Bahia Econômica comentou a manutenção da Taxa Selic no Brasil em 15% (Veja aqui). Marcelo que é sócio da The Hill Capital explicou que o Banco Central não mudou a expectativa do mercado nem deu nenhuma previsão de queda para a taxa no Brasil. “O Copom manteve os juros em 15%, decisão totalmente dentro do esperado, na minha visão. Foi uma decisão unânime, então totalmente aqui dentro das expectativas. Nada fora do esperado. Mas o tom do comunicado veio hawkish, ele veio mais duro, surpreendendo. Na verdade, ele seguiu a mesma linha do último comunicado, só que como nós tínhamos uma expectativa que ele já sinalizaria uma possível mudança de rota no futuro, ele não fez isso”, explicou através de Nota Marcelo

O especialista ainda destaca que a inflação está enfraquecendo, porém ainda acima da meta então a taxa deve se manter em 15% na reunião de dezembro. “Acho que o grande destaque aqui do comunicado foi um pequeno ajuste na comunicação que eles fizeram dizendo aqui que no cenário doméstico que a atividade segue apresentando um crescimento moderado, que o mercado de trabalho ainda está dinâmico, mas ele reconhece que a inflação mostra um pequeno arrefecimento. Então ele traz essa novidade dizendo que a inflação está arrefecendo, o que é muito positivo, mas que ainda assim ela se mantém acima da meta de inflação. Então ele reconhece que a inflação começa a cair, que ela está arrefecendo, mas ainda ela continua acima da meta. Foi um dos pequenos ajustes que foram feitos da última comunicação para essa. Para os próximos passos, ficou claro aqui certamente mais uma manutenção da taxa de juros em 15% ao ano na reunião de dezembro”, disse.

Marcelo também explica que o Banco Central pediu uma política contracionista ao governo.  “No comunicado, ele continua dizendo que o cenário exige uma política monetária em patamar significativamente contracionista por um período bastante prolongado. Então, sinalizando que vai continuar alto para os próximos meses ainda, na minha visão. Hoje, quarta-feira, o dia foi positivo. E ele foi bastante positivo porque o mercado já acreditava que o comitê sinalizaria alguma possibilidade de corte de juros no futuro. Então, como não veio essa sinalização, amanhã deve ser um dia de ressaca, uma pequena ressaca. O início do dia deve ser de juros futuros subindo. Então a bolsa deve sofrer um pouquinho, deve ter uma realização e deve começar o dia mais negativo porque hoje o dia foi muito positivo e como não aconteceu o esperado amanhã os mercados vão começar um pouco mais tensos”.

Veja a Projeção para o futuro da Taxa Selic segundo Marcelo

Ficou claro que não existe possibilidade de o Copom já começar a derrubar os juros nesse ano. E acredito que também não teria nem como. Quando a gente olha os principais indicadores econômicos, a inflação está acima do teto da meta, e a situação econômica do país não está ruim. Temos um mercado aquecido. A atividade está desacelerando, mas o PIB vai crescer 2% esse ano, não é um PIB ruim. O desemprego está baixíssimo, patamares de 5,6%, é um dos menores patamares de toda a série histórica. Então, a economia, de uma forma geral, não está ruim, isso muito em função do fiscal, o que dificulta a queda da inflação. Então, enquanto essa inflação não cair mais, eu acho que não faz sentido cortar os juros, e por isso que eu acho que nesse momento não daria para baixar os juros ainda. Se a política fiscal estivesse conversando, estivesse alinhada com a política monetária, sendo restritiva nesse momento também, certamente os juros já poderiam ter começado a cair e poderia cair muito mais lá na frente. Mas como a gente está vivendo um fiscal aqui que está acelerando a economia, a política monetária precisa ser realmente bastante cautelosa, na minha opinião.

Eu acredito que no início de 2026, já em janeiro, o Banco Central tem espaço aqui para começar o processo de corte de juros. E aí, nesse cenário de trajetória de queda de juros, normalmente o que a gente vê é que os ativos de risco acabam performando melhor.  E então bolsa tende a performar bem, fundos multimercados, fundos imobiliários, então toda estratégia de risco dos portfólios tende a performar bem. O interessante é que não precisa efetivamente o Banco Central cortar os juros em janeiro ou em março para que isso aconteça. O mercado financeiro acaba se antecipando. Então um pouco do que a gente tem visto aqui nos últimos meses, de bolsa subindo, o mercado caminhando bem, já é em função dessa expectativa de corte de juros ali na frente.

Dentre a alocação dos investidores, não só ativos de risco, mas dentro da renda fixa, é possível de capturar ganhos nos papéis prefixados e nos papéis de inflação também. Então, até hoje, nesse cenário de juros elevados, muitos investidores ficaram ali estacionados no CDI, daqui para frente vai ser bastante importante esse trabalho de diversificação e buscar outras estratégias porque a tendência no próximo ano é que os rendimentos de quem fique apenas no CDI vai diminuir ali de forma gradual ao longo do ano.

 

 Foto: Divulgação

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