Tudo indica que a eleição de 2026 terá, além da disputa pela Presidência da República, uma batalha eletrizante que pode ser até mais importante que o pleito presidencial.
Isso vai ocorrer e já está sendo denominado de “A Batalha do Senado”, porque em 2027 o Senado será palco de disputas legais e institucionais que podem definir o alcance de reformas, decisões sobre impeachment, controle das leis que protegem ou punem, além de votações sensíveis como propostas de anistia.
A pauta conservadora inclui o projeto de anistia ampla, a elegibilidade de Bolsonaro e os limites institucionais e o controle do STF. Há análises segundo as quais uma maioria conservadora no Senado poderia promover reformas no rito de impeachment de ministros, alterar mecanismos de controle sobre o Judiciário ou aprovar legislações que limitem o poder dos tribunais superiores.
Por outro lado, se vencer no Senado, os progressistas impedirão esses projetos de irem adiante, e será mais fácil aprovar projetos do governo, reformas e legislações sensíveis com menos embates e obstruções. Além disso, ter senadores comprometidos com a agenda de governo dá sustentação política, legitimidade e apoio institucional em temas federais.
Ora, no caso da Bahia, há uma disputa interna pelas duas vagas entre Rui Costa, Jaques Wagner e Ângelo Coronel, e isso pode gerar fissuras na aliança local, ressentimentos e desmobilização. Esta semana surgiram notícias intensas sobre quem ocupará as duas vagas ao Senado pela Bahia nas eleições de 2026.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, confirmou publicamente que pretende disputar uma das vagas ao Senado pela Bahia. Ele ressalta que precisará deixar o cargo do governo até abril de 2026 (para cumprir prazos de desincompatibilização). Para completar, o presidente Lula recentemente disse que não pretende impedir ministros de concorrerem e autorizou politicamente Rui Costa a lançar-se ao Senado, apesar de manifestar desejo de mantê-lo no governo.
Por outro lado, o senador Jaques Wagner, filiado ao PT, já demonstrou que não abrirá mão da candidatura (disputa à reeleição). E Ângelo Coronel, do PSD, quer manter a vaga que ocupa.
Essa combinação de pretensões gera um cenário de disputa interna entre quem tem mais legitimidade eleitoral (Wagner) e quem tem o peso político do governo nacional (Rui). Coronel, por sua vez, representa um ator que não quer ser expulso da chapa majoritária, mantendo influência local e partidária. Mas não é um player forte, a não ser que o presidente do PSD na Bahia, Otto Alencar, banque sua candidatura.
O problema é que o embate na Bahia sobre quem ocupará as vagas ao Senado — Rui Costa, Jaques Wagner ou Ângelo Coronel — é mais que uma disputa local; é peça no xadrez nacional. A estratégia de Lula, liberando Rui para concorrer, parece apostar em ampliar o controle senatorial aliado para garantir uma base institucional consistente para seu segundo mandato.
O PT pode conseguir apresentar Rui e Wagner como candidatos, se houver uma negociação ampla com o PSD, que poderia inclusive passar pelo apoio na eleição da Presidência do Senado, cargo que coroaria a carreira política de Otto Alencar e/ou outro cargo de importância federal, além da ocupação da vice-governança, que significa que, no último ano do mandato, o ocupante do cargo poderá ser governador, já que Jerônimo Rodrigues já estará no segundo mandato. Isso, naturalmente, se a chapa sair vitoriosa.
A questão é que o senador Otto Alencar é amigo pessoal do presidente Lula e provavelmente optaria por uma conciliação.
Mas o fato é que o Senado vai ser um dos campos decisivos das eleições de 2026 — e, no estado da Bahia, a disputa já sinaliza o tamanho do embate entre força local, poder nacional e disputa institucional.