segunda, 01 de setembro de 2025
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O JULGAMENTO DE BOLSONARO E O IMPACTO NA DISPUTA PARA GOVERNADOR DA BAHIA

Redação - 01/09/2025 08:59 - Atualizado 01/09/2025

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Supremo Tribunal Federal, começa nesta semana e é de maior importância para o Brasil. O julgamento tem uma dimensão histórica, pois trata-se de um teste crucial para a capacidade das instituições brasileiras de garantir a vigência do Estado Democrático de Direito. Num país marcado por tentativas de golpe, o enfrentamento jurídico de um líder que questionou abertamente as urnas e que tentou mobilizar as Forças Armadas para acabar com o regime democrático é imperativo.

Ao mesmo tempo, esse processo provoca reconfigurações importantes no tabuleiro político nacional. Nos estados governados pelo PT, por exemplo, as oposições locais têm de se posicionar e esse posicionamento vai ser fundamental para o resultado eleitoral. As pesquisas parecem muito claras, quando o assunto é Jair Bolsonaro: segundo pesquisa Datafolha, 52% dos brasileiros acreditam que Bolsonaro deveria ser preso por tentativa de golpe de Estado; segundo a AtlasIntel, 51,7% acreditam que Bolsonaro participou do plano golpista.

E essas são pesquisas realizadas antes de o clã Bolsonaro agir para fazer com que uma potência estrangeira aplicasse tarifas econômicas ao país, prejudicando empresários e trabalhadores, caso a Justiça não parasse o processo contra Bolsonaro. Ao fazer isso, o clã Bolsonaro atacou a soberania brasileira, num claro ato de lesa-pátria, e grande parte do país se colocou contra ele.

Por isso, os partidos que desejam fazer oposição ao atual governo, que é candidato à reeleição, precisam ter a exata medida de que é preciso se distanciar de Bolsonaro. Essa escolha é estratégica: a imagem do ex-presidente, associada a um discurso de direita radical e a práticas consideradas antidemocráticas, já não atrai o eleitorado moderado — especialmente aquele que rejeita extremismos, mas também não se identifica integralmente com o lulismo.

É verdade que Bolsonaro consolidou um capital político expressivo, mas seu governo e sua atuação explodiram as pontes que o ligavam a parcelas amplas da sociedade. O que uma parcela expressiva de brasileiros parece defender é uma opção liberal-conservadora tradicional, não um projeto personalista e polarizador. Por isso, no Brasil e nos estados, quem ficar preso ao bolsonarismo estará fadado ao fracasso.

Em poucas palavras: a oposição tem de repensar suas alianças e construir uma proposta — não de extrema-direita —, mas de direita liberal, pragmática e menos ideológica, capaz de dialogar com diferentes perfis de eleitorado.

Na Bahia, um estado em que o presidente Lula tem forte apoio da população e 60% dela aprova sua forma de governar, segundo pesquisa Genial/Quaest, apoiar Bolsonaro de peito aberto é dar um tiro no pé. Se quiser ser competitiva, a oposição precisa afastar-se do ex-presidente e assumir apoio a um candidato fora do âmbito da extrema-direita.

Nesse sentido, a estratégia para os candidatos ao governo da Bahia está mais ou menos definida.

O governador Jerônimo Rodrigues vai buscar defender o governo Lula e atrair seus eleitores. Além disso, torna-se fundamental manter a aliança com partidos não petistas que ampliam seu arco eleitoral, especialmente o PSD.

O candidato da oposição, ACM Neto, vai tentar desconstruir o governo estadual e federal, mas não pode fazer isso com a bandeira bolsonarista. Para ser competitivo, ele precisa se diferenciar do bolsonarismo sem perder o eleitorado de direita. Pode até atrair o espólio do ex-presidente, mas terá de fugir do “tanto faz” e assumir uma candidatura e uma proposta não bolsonarista, ampliando seu arco eleitoral com partidos fora da extrema-direita. (EP – 01/09/2025)

 

Foto: Gustavo Moreno/STF

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