quarta, 13 de agosto de 2025
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MÃE DE FISCAL PRESO EM OPERAÇÃO CONTRA DONO DA ULTRAFARMA É PROFESSORA APOSENTADA E FICOU BILIONÁRIA EM 2 ANOS, DIZ MP

João Paulo - 13/08/2025 08:59

A mãe do auditor fiscal de alto escalão preso em operação que investiga um esquema de corrupção envolvendo a Ultrafarma e a Fast Shop é professora aposentada da rede pública e ficou bilionária em apenas dois anos. O salto patrimonial de Kimio Mizukami da Silva, de 73 anos, foi o que levou os promotores do Ministério Público do estado de São Paulo a descobrir o esquema organizado por auditores fiscais tributários da Secretaria de Estado da Fazenda. No total, seis pessoas — incluindo o dono da Ultrafarma Sidney de Oliveira — foram presas e 19 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça-feira (12) na capital, no interior e na Grande São Paulo.

Filho da professora aposentada, Artur Gomes da Silva Neto é auditor da Diretoria de Fiscalização (DIFIS) da Fazenda estadual e apontado pela investigação como o “cérebro” por trás do esquema de ressarcimento de crédito tributário que arrecadou cerca de R$ 1 bilhão em propina desde 2021. Crédito tributário é quando um contribuinte tem direito a ser ressarcido pelo Estado por um valor pago a mais à Receita. No entanto, o processo é complexo, e as empresas enfrentam burocracia e fila para conseguir de volta.

O auditor coletava a documentação necessária da Fast Shop e da Ultrafarma para pedir o ressarcimento de créditos de ICMS na Secretaria da Fazenda. Toda empresa contribuinte varejista tem direito ao ressarcimento, porém o procedimento é complexo e burocrático, segundo os promotores. Além de acompanhar o processo, o próprio auditor aprovava os pedidos e garantia que não seriam revisados internamente. Em alguns casos, liberavam valores superiores aos que as empresas tinham direito e em prazos mais curtos. A professora aposentada é sócia da empresa Smart Tax, que era usada para lavar dinheiro do esquema, aponta o MP. Artur participou da fundação da empresa, porém deixou o quadro societário em 2013.

A Smart Tax passou a oferecer serviços de assessoria e auditoria tributária em 2021, quando o esquema de corrupção teve início. Um dos indícios da lavagem de dinheiro é a “evolução patrimonial absurda” da idosa, segundo os dados da declaração do imposto de renda enviados para a Receita Federal. Em 2021, o patrimônio da mãe do fiscal era de R$ 411 mil. O valor subiu para R$ 46 milhões no ano seguinte e saltou para R$ 2 bilhões em 2023. Na declaração de Imposto de Renda, Kimio justificou que o aumento do patrimônio ocorreu em razão da compra de criptomoedas — que teriam sido adquiridas a partir do lucro da Smart Tax. O promotor João Ricupero explicou, em entrevista coletiva, que a empresa era de fachada e não possuía nenhum funcionário. Segundo ele, a mãe do fiscal também não tinha o conhecimento técnico para atuar nessa área de assessoria tributária.

“A sede da empresa é a casa do fiscal em Ribeirão Pires, onde cumprimos o mandado de busca e apreensão e de prisão. É uma residência, tudo menos uma empresa”, afirmou o promotor Roberto Bodini. No relatório do MP-SP, que a TV Globo teve acesso, também releva que a mãe do fiscal não participava das reuniões com a Fast Shop mesmo sendo a proprietária oficial da Smart Tax. “Ficando ainda mais óbvio que, na realidade, é o auditor tributário quem realmente atua em nome da empresa, valendo-se dela para receber o pagamento da propina”, pontua o documento. O g1 não localizou a defesa de Kimio, investigada por lavagem de dinheiro, até a última atualização desta reportagem.(g1)

Foto: José Patrício/Estadão Conteúdo

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