A Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), vem fortalecendo ações de incentivo à criação de espaços para cultivo de mudas nativas, frutíferas e hortaliças, entre outros, na cidade. O Programa de Hortas e Pomares Urbanos tem transformado espaços públicos em áreas produtivas, além de oferecer capacitação para que moradores cultivem alimentos em casa ou em espaços comunitários.
As hortas e pomares são instalados em praças, canteiros e terrenos subutilizados, que passam a ter uma função social e ambiental. A primeira implantação ocorreu em 2016, na Avenida Paulo VI, na Pituba.
A coordenadora de Áreas de Valor Urbano-Ambiental, Jaqueline Gonzaga, conta que o programa é dividido em cinco categorias: hortas comunitárias, hortas escolares, hortas comerciais, hortas de matrizes africanas e o Horta em Casa. A primeira categoria beneficia comunidades, com treinamento coletivo durante a instalação. Já as hortas escolares ocorrem em escolas municipais (CMEIs e Ensino Fundamental) e envolvem alunos, professores e merendeiras, com foco também em compostagem.
As hortas comerciais são voltadas à produção para venda, com orientação sobre cultivo e comercialização. Já as hortas de matrizes africanas respeitam as tradições de cada nação (Ketu, Jeje e Angola), adaptando o plantio às necessidades rituais dos terreiros. Por fim, o projeto Horta em Casa, criado em 2021 durante a pandemia, distribui kits para cultivo doméstico e oferece uma oficina prática sobre o plantio, promovida pela Secis.
Impacto alimentar, ambiental e social – “A importância deste projeto é crescente, tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. É essencial que a gente continue levando a iniciativa adiante, para que as pessoas entendam que a alimentação saudável é mais do que obrigação, é um direito nosso. Ao implantar hortas em comunidades, escolas ou outras áreas viáveis, o programa amplia o acesso a alimentos frescos, saudáveis e livres de agrotóxicos. Além de promover segurança alimentar, a iniciativa também tem impacto ambiental, pois reduz a necessidade de deslocamentos para compras e, consequentemente, a emissão de CO2”, explica Jaqueline.
O secretário da Secis, Ivan Euler, afirma que as hortas e pomares urbanos de Salvador representam muito mais do que espaços de cultivo; eles são instrumentos de transformação social, geração de renda, segurança alimentar e educação ambiental. “Por meio dessas iniciativas, aproximamos a população da terra, fortalecemos os laços comunitários e promovemos uma cidade mais sustentável, verde e resiliente para todos”, afirma.
O diretor de Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (Savam), João Resch Leal, avalia de forma positiva a implantação das hortas e pomares em Salvador. “A interação da comunidade, que se une para movimentar um espaço antes abandonado, é importante. Temos ainda a questão educação ambiental muito forte, para o entendimento do uso do solo com a natureza e produção de alimento, que ajuda na redução do déficit alimentar dessas comunidades, até diminuir o impacto da emissão de gases como o CO2. Tudo isso gera uma nova visão com relação à questão do acesso ao alimento, pois você está produzindo material, hortaliças orgânicas, saudáveis, e além da questão da próprio da própria conexão entre o município e as comunidades. Poder passar um pouco da nossa experiência técnica e, em contrapartida, receber as informações da comunidade, entender a realidade de cada local, isso é muito significante”, relata.
Os processos para adesão acontecem através dos telefones (71) 3202-5665 / 3611-3802 / 99700-1652 ou através do endereço eletrônico hortas.salvador@salvador.ba.gov.br. Quando a solicitação é feita via e-mail, são solicitadas fotografias do local, se possui ponto de água, a quantidade de pessoas que dependerá da horta.
Atualmente, Salvador conta com 57 hortas urbanas, sendo 16 delas com pomar; 45 hortas escolares – dez delas com pomar; três escolas com pomar; sete hortas de folhas sagradas; e três hortas comerciais. Entre os vegetais mais cultivados nas hortas estão a alface, o coentro e a rúcula e, nos pomares, são utilizadas árvores de pequeno porte, como pitanga, jabuticaba e acerola.
Foto: Bruno Concha/Secom PMS