O desmatamento apresentou tendência de queda no Pantanal e no Cerrado entre agosto de 2024 e maio de 2025, enquanto a Amazônia registrou aumento nas taxas, fortemente influenciado por incêndios em florestas agravados pela seca histórica de 2023 e 2024 que atingiu a região.
No Pantanal, a redução no período foi de 74% em comparação ao mesmo intervalo entre 2023 e 2024. Apenas em maio de 2025, a queda foi de 65% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O bioma também teve melhora significativa no controle das queimadas, com menos de 10 km² de área queimada nos meses de fevereiro, março e abril – o que representa uma redução de 99% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
No Cerrado, a taxa de desmatamento caiu 22% no acumulado entre agosto de 2024 e maio de 2025, em relação ao ciclo anterior. Somente em maio, a redução foi de 15% na comparação com o mesmo mês de 2024.
Já na Amazônia, o cenário é oposto: houve alta de 9,1% na taxa de desmatamento entre agosto de 2024 e maio de 2025. Considerando apenas o mês de maio, o aumento foi de 92% em relação a maio de 2024, reflexo dos impactos dos incêndios em áreas de floresta provocados pela seca severa que atingiu a região em 2023 e 2024.
Os dados são do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (6) pelo governo federal, no auditório do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em Brasília.
Impacto das mudanças climáticas
O aumento da área desmatada na Amazônia está diretamente relacionado ao avanço dos incêndios em florestas primárias, intensificados devido à seca prolongada e de forte intensidade registrada na região – uma situação sem precedentes históricos, conforme explicou o ministro substituto do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, durante a coletiva de imprensa.
Entre agosto de 2024 e maio de 2025, 23,7% dos focos de calor na Amazônia ocorreram em vegetação nativa, enquanto no mesmo período do ano anterior esse índice foi de 13,5%.
“O Brasil inteiro está sendo impactado pelo agravamento da mudança do clima, mas a Amazônia tem sofrido de forma particularmente intensa e impressionante”, avaliou Capobianco. “A perda de floresta registrada em maio de 2025 ocorreu, em grande parte, como consequência dos incêndios florestais que atingiram a região no segundo semestre de 2024, alterando uma trajetória histórica que, até então, conhecíamos”, completou.
O ministro substituto destacou que os efeitos do atual quadro climático sobre as florestas primárias já refletem uma tendência global. Segundo dados consolidados pelo Inpe, com base em informações do World Resources Institute (WRI), os incêndios florestais foram responsáveis por quase metade de toda a perda de cobertura de florestas primárias no mundo em 2024. Em alguns países, como o Canadá, a situação foi ainda mais crítica: as perdas associadas a incêndios superaram aquelas decorrentes de outras causas, indicando uma mudança significativa no padrão global de degradação florestal.
Medidas de prevenção e combate aos incêndios florestais
Ao apresentar o conjunto de medidas adotado pelo governo federal para enfrentar o novo cenário, Capobianco destacou a criação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A legislação estabelece diretrizes para disciplinar e aprimorar o uso do fogo, com foco na prevenção e no combate a incêndios florestais, na conservação dos ecossistemas e no respeito às práticas tradicionais, envolvendo todos os entes federativos e setores da sociedade.
“Essa política representa um avanço significativo, pois além de organizar as ações de prevenção e controle de incêndios, estabelece também a corresponsabilidade entre a União, os estados, os municípios, o setor privado e toda a sociedade”, avaliou o ministro substituto do MMA.
Outro instrumento importante para fortalecer as respostas aos incêndios florestais é a Lei 15.143/2025, sancionada ontem (5/6) pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, durante a solenidade de comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente .
A norma estabelece um arcabouço legal que amplia a capacidade de enfrentamento aos incêndios florestais e facilita a reconstrução de infraestrutura destruída por eventos climáticos extremos em estados e municípios. O texto incorpora o conteúdo de cinco medidas provisórias sobre o tema, sendo três delas propostas pelo MMA.
Fiscalização
O governo federal tem intensificado a fiscalização e a responsabilização para coibir o desmatamento ilegal. Entre agosto de 2024 a maio de 2025, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou 18.964 ações fiscalizatórias na Amazônia, que resultaram mais de 5 mil autos de infração, totalizando R$ 3,1 bilhões em multas. Também foram expedidos 3.637 termos de embargo, com 560,6 mil hectares embargados, 2.177 termos de apreensão e 753 termos de destruição. Mais de 9 mil notificações com medidas de proteção contra incêndios foram emitidas, e 50 ações civis públicas ajuizadas.
No Cerrado, aplicados R$ 578 milhões em multas, com a emissão de 737 autos de infração e 455 termos de embargos. Também foram lavrados 376 termos de apreensão, que somaram R$ 54,9 milhões em bens apreendidos, além de 77 termos de destruição, 370 notificações para medidas preventivas contra incêndios e 20 ações civis públicas.
No Pantanal, as ações geraram 57 autos de infração, que resultaram em R$ 430 milhões em multas. Foram emitidos 36 termos de embargos, 19 termos de apreensão, 4 termos de destruição e R$ 55 mil em bens apreendidos. O órgão vinculado ao MMA registrou também 3.297 notificações para medidas de proteção contra incêndios e 10 ações civis públicas.
Ações de combate ao desmatamento
Confira as principais ações implementadas pelo governo federal para atingir a meta de desmatamento zero até 2030:
aprovação de R$ 850 milhões do Fundo Amazônia para fortalecer as ações de fiscalização ambiental para o controle do desmatamento ilegal na Amazônia, anunciado pelo governo federal nesta semana; Saiba mais aqui .
Foto: Foto: Rogerio Cassimiro/MMA