O mundo corporativo está em constante mudança e as vantagens competitivas também. De acordo com Alexandre de Salles, CEO da AS Consultoria, a sustentabilidade empresarial que frequentemente era vista como um tema periférico ou uma exigência de marketing, transformou-se nos últimos anos em um vetor estratégico central, inclusive para as áreas financeiras.
“Se antes as empresas se davam ao luxo de perguntar se poderiam investir em publicidade, hoje a pergunta é quanto custará caso não invista. Aprendi que os números contam uma história, mas não toda a história. A sustentabilidade empresarial, frequentemente vista como um tema periférico ou uma exigência de marketing, transformou-se nos últimos anos em um vetor estratégico central — inclusive para as áreas financeiras.”, afirma Salles que atou como CFO e tem mais de duas décadas de experiência, incluindo 12 anos de atuação em uma multinacional.
O especialista diz que o mercado atual exige valor além do lucro e que é pressionado por investidores, consumidores, reguladores e talentos, que estão atentos à responsabilidade, coerência e visão de longo prazo. Então, nesse contexto, a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser um critério de sobrevivência. “Na prática, o valor das empresas já não é calculado apenas com base nos ativos tangíveis. Reputação, cultura, transparência e capacidade de adaptação tornaram-se ativos financeiros reais. E o mais relevante: ativos monitorados, valorizados e precificados pelo mercado.”, diz Alexandre.
O CEO da AS trouxe dois exemplos, um deles é do relatório do Fórum Econômico Mundial de 2024 que destaca que os riscos relacionados à falha na ação climática e às tensões sociais estão entre os mais significativos para os negócios no médio e longo prazo. O outro é do Long-Term Value Creation Funds (fundos com abordagem de valor de longo prazo) que estão incorporando critérios não apenas de ESG (Ambiental, Social e Governança), mas de resiliência estratégica, cultura organizacional e inovação sustentável, como pilares para decisões de investimento.
A sustentabilidade, em sentido amplo, é a capacidade de a empresa existir, prosperar e se adaptar no tempo — com coerência estratégica e legitimidade perante seus stakeholders. E essa visão está cada vez mais presente nos comitês executivos e conselhos.
Salles alerta que a sustentabilidade, entendida como perenidade empresarial, não é uma pauta do futuro e sim um critério do presente. “Como toda vantagem competitiva, ela favorece quem age primeiro, com consistência e estratégia. Ser sustentável não é apenas fazer o certo: é fazer o que fará sua empresa continuar existindo e prosperando em um mundo que não aceita mais os modelos de ontem.”, finaliza.
Foto: Arley Prates