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BAHIA TEM MAIS DE 65 MIL CRIANÇAS SEM NOME DO PAI

Redação - 11/08/2022 09:40 - Atualizado 11/08/2022

“Descobri com mais de 10 anos que não tinha o nome do pai no meu registro. Ele sempre foi ausente, mas eu sei quem é. Apesar de não tê-lo na minha vida, o vazio nos documentos incomodava”, lembra o soteropolitano Patrick Santos, 24 anos, que até hoje tem na figura paterna uma ausência, no dia a dia e nos documentos. Assim como ele, entre 2016 e agosto de 2022, mais de 65 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão em território baiano, segundo dados da Associação de Registradores de Pessoas Naturais da Bahia (Arpen/BA).

Ainda de acordo com associação, que começou a registrar esse número em 2016, de lá para cá, nasceram 1.189.633 pessoas em todo o estado. Ou seja, cerca 5,5% destes só tiveram o nome da mãe colocado no registro. Em Salvador, a situação é parecida. Por aqui, dos 232.593 que nasceram, 10.504 viram o espaço destinado ao pai ficar em branco na certidão. Números que, quando analisados individualmente, têm sempre um impacto para aqueles que vivem ou viveram com esse vazio no documento.

Patrick, que afirma lidar muito melhor com a situação a essa altura, relata que, quando mais novo, a ausência foi motivo de estranheza e constrangimento. Já adulto, o problema se manifestou em questões burocráticas. “Desde muito pequeno, era algo estranho e, em certo ponto, constrangedor. Quando tinha festa do pai, normalmente eram namorados de minhas irmãs. Por um lado, era bom por serem caras legais, mas ficava aquilo: ‘cadê seu pai?’ Afetou muito minha subjetividade. Pelo registro, já tive problemas em cadastro em banco e processo seletivo que nome do pai era obrigatório, outras situações chatas”, conta ele. (Correio)

Foto: divulgação

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