Segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Bahia somou um total de 1.018 homicídios dolosos até março, sendo o estado número 1 em mortes no Brasil neste ano. Na pesquisa, considera-se como homicídio doloso a morte com indício de crime ou agressão externa, excluindo feminicídios, lesão corporal seguida de morte, latrocínios e mortes culposas.
Também entram na classificação mortes violentas em acidentes de trânsito quando há dolo e casos como encontro de cadáveres ou ossadas com sinais de crime ou causas desconhecidas. Na Bahia, homens são a maioria das vítimas, somando 943 mortes, enquanto as mulheres correspondem a 74 casos. Por dia, são cerca de 11 homicídios, sendo a maior parte deles registrada na capital (208 homicídios) e na região metropolitana.
A estatística não é novidade: desde 2015, a Bahia ocupa o primeiro lugar em homicídios dolosos no Brasil, segundo a base de dados do Sinesp. Um cenário que, de acordo com o advogado Wagner Moreira, fundador e coordenador-geral do Ideas Assessoria Popular, reflete um fracasso da gestão dos partidos de centro-esquerda na área da segurança pública.
“A gente vem falando de um fenômeno que é a nordestinização da violência. Um cenário em que, mesmo governos tidos como de esquerda ou centro-esquerda, não conseguem reverter. Muito pelo contrário, assumiram a liderança da violência. Assim, encontramos estados do Nordeste com esse cenário de hiperletalidade”, destaca, ao comparar o segundo e terceiro colocados no ranking de homicídios dolosos em 2025: Pernambuco, com 784 mortes, e Ceará, com 714.
As dificuldades estendem-se ainda à falta de diálogo com setores da sociedade civil, à criminalização dos movimentos sociais e ao fracasso na lógica de controle externo da atividade policial, acrescenta o advogado: “Você vem cada vez mais aumentando, na lógica deles, o combate à criminalidade faccionada só pelo confronto, sem ação de inteligência, sem investir em investigação. Então, todo esse cenário joga para que a Bahia precise, de fato, revisar os rumos da segurança pública.”
Crédito: Tony Silva