Tuesday, 22 de April de 2025
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ONCOLOGISTA ESCLARECE DÚVIDAS SOBRE OS CUIDADOS PALIATIVOS NA ABORDAGEM DO PACIENTE COM CÂNCER

João Paulo - 22/04/2025 10:40 - Atualizado 22/04/2025

Melhorar a qualidade de vida, reduzir sintomas físicos e emocionais são alguns dos objetivos dos Cuidados Paliativos, área de medicina que integra a assistência multidisciplinar na abordagem de pacientes portadores de enfermidades crônicas e ameaçadoras da vida. Alguns estudos demonstram que a implementação dos cuidados paliativos, de forma precoce, é capaz não apenas de proporcionar mais bem-estar e dignidade aos pacientes, mas também melhorar a resposta ao tratamento oncológico e aumentar a sobrevida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.

Além da assistência aos pacientes com câncer, uma das doenças que mais requer a indicação desses cuidados, a medicina paliativa também pode ser indicada para portadores de doenças cardiovasculares, respiratórias, aids, doenças degenerativas e progressivas, como esclerose múltipla,  dentre outras. A indicação dos cuidados pode ser feita para idosos, adultos e crianças, independente da idade, o que vai definir é o quadro de saúde do paciente.

Para esclarecer questões relacionadas ao tema, a médica Débora Gaudencio, oncologista clínica do time de tumores mamários da Oncoclínicas na Bahia e mestre em Cuidados Paliativos pelo King’s College London, responde a quatro perguntas.

1)  Cuidados Paliativos consistem em tratamentos medicamentosos para alivio de sintomas?

Os Cuidados Paliativos vão bem além do alivio dos sintomas físicos e da prescrição de medicamentos.  Funciona como um tratamento complementar, focado no paciente e não na doença, os cuidados são para a pessoa (portadora da doença) com todas as suas complexidades e necessidades e por isso são promovidos por uma equipe multidisciplinar através de medicamentos, suporte psicológico e nutricional, fisioterapia e outras assistências a depender de cada caso. O cuidado deve ser sempre individualizado.

A proposta é reduzir o sofrimento do paciente, manejar sintomas e complicações da doença e do próprio tratamento, como os efeitos colaterais. Além disso, acolher e orientar a família e os cuidadores, facilitando tomada de decisões e melhorando a comunicação entre paciente, rede de apoio e equipe médica.

2) Quem compõe uma equipe de Cuidados Paliativos?

Além de médicos, a equipe envolve profissionais da psicologia, nutrição, enfermagem, fisioterapia, serviço social, fonoaudiologia, farmaceutico(a). Em alguns casos, os cuidados podem incluir também um assistente espiritual. Toda equipe deve trabalhar alinhada para proporcionar um cuidado integrado ao paciente.

3) Os Cuidados Paliativos podem ser usados, simultaneamente, com o tratamento tradicional?

Sim, devem!  O tratamento oncológico (cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outras abordagens mais avançadas)  tem como objetivo a cura ou o controle da doença, enquanto  os Cuidados Paliativos promovem conforto, qualidade de vida e dignidade.

Ambos se complementam e a depender do estágio da doença bem como das necessidades de cada paciente, um ou outro vai desempenhar um papel mais importante naquele momento.

4)  Cuidados paliativos são indicados apenas aos pacientes em fase terminal?

Cuidados Paliativos não são uma sentença de morte. Apesar de serem continuamente associados apenas a pacientes em fase terminal, podem ser indicados em qualquer fase da doença oncológica, inclusive logo que diagnosticada, especialmente quando o paciente apresenta sintomas de difícil controle.

Quanto mais precocemente o paciente for encaminhado para os cuidados paliativos, maior o benefício!

O foco dos cuidados paliativos será sempre a vida digna que pode ser vivida até os últimos momentos da jornada do paciente!

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