A tempestade que já vinha se anunciando no horizonte empresarial acabou se transformando em um tsunami, potencializado pela combinação de fatores macro-econômicos – taxas de juros exorbitantes, inflação que não cede e o câmbio oscilante – além das proezas políticas e da falta de segurança jurídica. O clima de incerteza está transformando a vida das empresas e tirando o sono da grande maioria dos líderes empresariais.
Como se esses fatores já não fossem suficientes, nenhuma incerteza tem sido tão intensa quanto a do componente ‘liderança’, abrangendo perfil, competências, habilidades e atitudes que a crise está exigindo.
Mais do que nunca, está evidente que não existe um tipo ideal de liderança. O conceito da “Liderança Situacional”, surgido na década de 1970, merece ser revisitado nesse momento. Afinal, líderes brilhantes em tempos de abundância e crescimento da economia parecem perdidos no momento de restrição de recursos e da ambiguidade das circunstâncias. Já os líderes controladores, tão criticados por acadêmicos e pessoas mais liberais, parecem assumir protagonismo na hora das duras decisões que precisam ser tomadas. Na contramão, lideres participativos, antes tão admirados, são percebidos como complacentes por não corresponderem à pressão do tempo e da velocidade com os quais precisam decidir e agir.
Muitas lideranças continuam apegadas a dogmas, princípios, ideias e práticas para uma realidade que já não existe mais. Além disso, está evidenciada uma grande discrepância entre discurso e prática. Em muitos casos, o coração continua preso ao passado e nostálgico, apesar das tentativas de usar uma linguagem modernizante.
Há apenas uma certeza: modelos ultrapassados não funcionam mais. Porém, novas formas de pensar e exercer liderança ainda não se fizeram presentes com a intensidade necessária. E os líderes não podem esperar. Precisam protagonizar o necessário turnaround, missão que exige urgentemente reflexão estratégica sobre o futuro do negócio e da empresa. Esse movimento deve ser orientado por um roteiro muito claro de agenda, objeto de profundo realinhamento, sinergia, integração e comprometimento entre acionistas, dirigentes e gestores da empresa. Essa reflexão estratégica é uma espécie de antessala do planejamento estratégico e precisa conter, pelo menos, dez pilares direcionadores, com desdobramento em todos os níveis:
Não é hora de o líder se esconder e ficar à margem de si mesmo. Chegou a hora de assumir o protagonismo, inovar e liderar pelo exemplo. É preciso se transformar para ser um agente da transformação que sua empresa necessita e que o momento exige!
César Souza, consultor e conselheiro de empresas, é o Presidente do Grupo Empreenda