O saldo total da carteira de crédito deve mostrar uma leve retração de 0,2% em janeiro, impactado por fatores sazonais, refletindo a contração do crédito às empresas (-1,8%), mostra a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban. Entretanto, o levantamento mostra que o resultado deve manter o ritmo de expansão anual da carteira estável em 10,9%.
A pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central. As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país. O Banco Central divulgará a Nota de Política Monetária e Operações de Crédito no próximo dia 13 de março.
Na carteira Pessoa Jurídica, a queda decorre da sazonalidade negativa das linhas de desconto de duplicatas e antecipação de faturas de cartão, que usualmente retraem diante do menor movimento do comércio no início do ano. Segundo a pesquisa, a carteira também deve ser afetada pela recente apreciação do câmbio, contendo o saldo das linhas externas.
Por outro lado, a carteira Pessoa Jurídica direcionada deve avançar 0,6%, impulsionada pelos programas públicos de crédito e linhas com recursos do BNDES. Com isso, o ritmo de expansão anual da carteira Pessoa Jurídica deve acelerar de 9,1% para 9,5%.
Já o crédito às famílias deve avançar 0,8% no mês. A carteira livre deve apresentar alta de 0,9% e o crescimento deve ser impulsionado pelas linhas rotativas, normalmente mais acionadas nesta época do ano. Entretanto, o menor volume de consumo no início de ano tende a conter o uso de algumas linhas, como o cartão à vista.
Já a carteira Pessoa Física Direcionada deve avançar 0,6%, com alta modesta do crédito rural. Assim, o ritmo de expansão em 12 meses do crédito Pessoa Física deve mostrar alguma desaceleração, passando de 12,1% para 11,7%.
“A retração do crédito no primeiro mês do ano é um movimento usual, reflexo de fatores sazonais expressivos. No entanto, ao ajustarmos esses efeitos, os dados da pesquisa indicam que o crédito inicia 2025 mantendo um bom ritmo de crescimento, ainda que com sinais de desaceleração, especialmente nas linhas mais sensíveis ao ciclo econômico, que sofrem com inflação e juros mais elevados”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia da Febraban.
“Um ponto de atenção captado em nossa pesquisa foi a sinalização de alguma piora na composição da carteira, com aumento de participação das linhas mais arriscadas. Ainda é cedo para afirmar que se trata de uma tendência, especialmente considerando a sazonalidade de janeiro. De toda forma, é um movimento que precisa ser monitorado”, complementa o diretor.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil