A estudante do sexto semestre de Direito Laís Ribeiro, 23, foi vítima de assédio de um motorista do aplicativo de transporte Uber no Carnaval. Depois dessa viagem, Laís só voltou a usar carros cadastrados em aplicativos de passageiros somente a menos de um mês, quando conheceu, por meio das redes sociais, o Partiu Rosa, um aplicativo de transporte de passageiros só para mulheres – mas não só passageiras, no volante é elas que também estão presentes.
Já disponível para celulares android e em espera para liberação na plataforma IOS, o que deve ocorrer nas próximas semanas, o Partiu Rosa está com 240 motoristas cadastradas e a expectativa é que chegue até 800 até o final do ano. O aplicativo já teve mais de 1.000 downloads realizados.
Na Bahia, dos cerca de 25 mil motoristas cadastrados em aplicativos de transportes, como Uber, 99pop, Itmov e Cabify, pouco mais de 3.000 são mulheres, informa o Sindicato dos Motoristas por Aplicativos e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter), segundo o qual, de janeiro a abril, 592 motoristas foram expulsos do sistema por alguma irregularidade. No Brasil, devido à quantidade de empresas de aplicativos, não se tem um número certo sobre motoristas. A Uber, a maior delas, informa que há mais de 500 mil motoristas do sexo masculino cadastrados – não há estimativas sobre o sexo oposto.
A proposta do Partiu Rosa, segundo as idealizadoras, é garantir maior segurança para mulheres, após os sucessivos casos de assédio que vêm ocorrendo não só em Salvador, mas em outras capitais, onde iniciativas do tipo já estão em prática pelo mesmo problema, como Recife, Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Depois do trauma, ela conta que na primeira vez que usou o Partiu Rosa sentiu a diferença. “Estar em companhia de outra mulher é bem melhor. Me sinto mais segura agora, e já tenho feito amizades com algumas delas”, contou a estudante Laís Ribeiro. “Muitas amigas minhas estão usando e elogiando também, espero que continuem prestando um bom serviço”.
Sócia-administradora da Partiu Rosa, a empresária Maria Vilma Conceição da Silva, 64, informou que tem atendido também mulheres em companhia de idosos e crianças do sexo masculino. “Não é que pode entrar só mulher no carro, o que não pode são passageiros que ofereçam risco, como os mais jovens e adultos. Os demais só podem entrar em situação de acompanhamento especial”, explicou.
Para ser motorista da Partiu Rosa, o procedimento é semelhante ao dos demais aplicativos de transporte. Tem de estar com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em dia, assim como os documentos do veículo. Zenaide Lima, 46, é uma dessas motoristas. “Tenho sido chamada por muitas motoristas com quem já fiz viagem, esse retorno delas tem sido ótimo. Esses dias, peguei uma que estava muito bêbada, até vulnerável. Não só a levei até o local, como também a coloquei dentro do prédio, com ajuda do porteiro. No outro dia, ela fez questão de me procurar para agradecer”, conta.