Membros de uma geração de grandes mestres da cultura popular afro-brasileira, os cantores Mateus Aleluia, Walmir Lima e o repentista Bule-Bule serão reconhecidos como heróis populares no VI Rede Capoeira, que tem patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O tradicional evento acontece entre amanhã (22) e 25 de janeiro, sábado, no Doca 1 – Polo de Economia Criativa, no Comércio, e Mateus Aleluia encerrará a programação do primeiro dia, com um show que entrega o melhor da MPB.
O Troféu Sankofa, criado pelo Rede Capoeira, não é a primeira honraria dedicada a Mateus Aleluia. Natural de Cachoeira, o cantor, compositor e pesquisador da herança cultural dos povos africanos, Mateus, de 81 anos, foi agraciado em 2020 com a medalha 2 de Julho, maior honraria da Assembleia Legislativa da Bahia. Em 2021, foi a vez de receber o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Além disso, seu trabalho já lhe rendeu uma indicação ao Grammy Latino 2021, pelo álbum “Afrocanto das Nações”.
Com 93 anos de idade e quase 80 de carreira, Walmir Lima também já foi reconhecido pelos serviços prestados à cultura do estado. Dono de sucessivas conquistas como um excelente compositor, teve a canção “Ilha de Maré” eternizada pela voz de Alcione e recebeu da Câmara Municipal de Salvador a Medalha do Mérito Cultural e a Medalha Thomé de Souza. O músico foi um dos grandes responsáveis pela projeção do samba baiano e tornou-se ícone do gênero musical juntamente com sambistas como Batatinha, Panela e Tião Motorista. Na quinta-feira (23), ele participa do painel “Diálogos do Recôncavo – O Samba, Maculelê e a Capoeira”, ao lado de Mestre Adó e Dona Santinha.
Já o mestre poeta Bule-Bule, de 77 anos, tem seu arcabouço artístico altamente influenciado pela cultura do sertão e do recôncavo baiano. Cantor, compositor, cordelista e repentista renomado, reúne mais de cinco décadas dedicadas à arte popular e é reconhecido como um dos maiores expoentes da cultura nordestina. Sua participação acontece durante a Roda de Conversa “A Capoeira, Repente e o Frevo”, na quinta-feira (23), ao lado de Mestre Nô, Zenaide Bezerra e Mônica Beltrão.
Homenagem – Grandes símbolos de resistência e sabedoria, Mateus Aleluia, Walmir Lima e Bule-Bule irão dividir o palco com outros heróis populares, como os emblemáticos capoeiristas octogenários Mestre Nô, Mestre Virgílio da Fazenda Grande, Mestre Baiano, Mestre Fernando e Mestre Boa Gente; a passista de frevo mais antiga do país Zenaide Bezerra; e a aclamada sambadeira Dona Santinha.
Na sua sexta edição, o Rede Capoeira, que tem idealização e realização do Projeto Mandinga (@projetomandinga) e apoio do Governo do Estado, segue com a missão de reconhecer, em vida, o legado daqueles que cumprem um papel fundamental na preservação da cultura popular no Brasil.
Foto: Vinicius Xavier
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