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 CESAR  MEIRELES – A BAHIA EXIGE UMA LOGÍSTICA MODERNA E ALINHADA COM SEU POTENCIAL SOCIOECONÔMICO!

Redação - 04/11/2024 05:00

A audiência pública (AP) nº 12/2020 da ANTT, em Salvador, no último dia 18 de outubro, revelou um raro consenso sobre o futuro econômico da Bahia, ao trazer à luz, a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela VLi. Representantes da FIEB, Governo do Estado, Assembleia Legislativa, consultores, empresários de vários setores e sociedade civil em geral, expressaram um alinhamento claro ao defender os interesses do estado. Após três décadas de abandono da FCA, o que terminou por contribuir para o baixo crescimento econômico do estado, a Bahia finalmente vocalizou sua insatisfação com a gestão da FCA, que, ao propor a devolução de trechos cruciais, negligência o papel estratégico do estado no cenário logístico nacional.

Ao longo da concessão, a Bahia poderia ter se consolidado como plataforma logística para estados do Centro-Oeste e Norte, assim como o é o Rio de Janeiro e Espírito Santos, para Minas Gerais, mas a realidade foi outra: infraestrutura precária, com baixa velocidade ferroviária, e malha desatualizada que a desconecta de seus portos. O Plano Estratégico de Logística Multimodal Integrado da Bahia (PELMI-BA) lançado neste mesmo portal em 19 de agosto p.p., coloca não só as alternativas para resgatar a competitividade ferroviária do estado, como traz um arcabouço amplo em termos de desenvolvimento de uma infraestrutura multimodal integrada para o estado da Bahia.

Quando da AP, entretanto, a ANTT falhou em apresentar estudos técnicos, econômicos e de produtividade que justificassem a proposta da FCA, assim como um inventário atualizado dos ativos ferroviários e uma avaliação dos passivos acumulados.

Outras ferrovias brasileiras, como a Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a Vitória-Minas (EFVM), geridas pela Vale, operam com eficiência e destacam a defasagem da FCA na Bahia. A ausência de comparações com benchmarks internacionais e a falta de planejamento para a alternativa para a anacrônica bitola métrica baiana reforçam a necessidade de uma revisão criteriosa da concessão.

Para a Bahia, o desenvolvimento e a modernização da logística é questão de sobrevivência econômica, e a ausência de um sistema ferroviário competitivo, integrado à uma malha rodoviária igualmente competitiva com conectividade aos portos baianos, ameaça condená-la à continuidade do isolamento logístico.

Projetos greenfield de novas ferrovias, incluindo aqui alternativas de shortlines, devem considerar a viabilidade econômica e receber aporte público, como ocorre nos EUA, Europa e Ásia. Sem soluções integradas, a Bahia continuará a sofrer os impactos da falta de uma logística multimodal robusta. É hora de unir esforços e garantir que o estado tenha a infraestrutura logística de que precisa para prosperar, conectada aos seus portos e às áreas produtivas. A Bahia exige, uma logística moderna e alinhada com seu potencial socioeconômico.

 

Carlos Cesar Meireles Vieira Filho é mestre em Administração pela UFBA, tem MBA em Economia e Relações Governamentais pela FGV, Certificado em Conselho pela FDC, é cofundador e ex-presidente da ABOL (Associação Brasileira de Operadores Logísticos) e é sócio-diretor da TALENTLOG – Consultoria e Planejamento Empresarial Ltda. Recebeu a Medalha do Mérito Santos Dumont do Comando da Aeronáutica | Ministério da Defesa, em 2024

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