A coligação encabeçada pelo MDB, o PT, e mais oito partidos oficializou neste domingo a candidatura à prefeitura de Salvador de Geraldo Jr., como candidato a prefeito, e Fabya Reis como candidata a vice-prefeita, A festa reuniu cerca de 20 mil pessoas na Arena Fonte Nova e teve a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e dos senadores Otto Alencar (PSD) e Jaques Wagner (PT), além do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), mostrando que o candidato entra na disputa com o apoio de todas as lideranças. Lula não esteve presente, mas nem precisava, todos sabem que o presidente fecha com a candidatura.
O que não se sabe é se Geraldo Jr. conseguirá federalizar a campanha e fazer do pleito mais um confronto Lula/Bolsonaro, o que seria bom para ele. A experiência diz que em eleições municipais é muito difícil a federalização, mas, sem dúvida, parcela do eleitorado vai levar a polarização em conta e isso pode se alastrar.
A administração de Bruno Reis está muito bem avaliada, por isso não vai bastar ao candidato colar com Lula, ou apresentar propostas, será preciso desconstruir a administração do atual prefeito, o que não será fácil. Por outro lado, Geraldo Jr precisa edulcorar sua figura política junto ao eleitorado, afinal apresenta índice de rejeição maior do que o seu adversário.
O candidato vem por um lado mostrando seu alinhamento com Lula e o PT e acenando com propostas e por outro tentando desconstruir Bruno Reis. Na convenção, suas falas foram nesse sentido: prometendo a integração do transporte público, BRT, VLT e metrô, a regularização do transporte alternativo e também acenando com o aumento do número de creches municipais em Salvador e a implementação de mais 300 equipes de Saúde da Família, com a universalização do sistema para atingir 100% de cobertura em Salvador.
São propostas interessantes, mas é preciso diferenciá-las do que tem sido feito pelo atual prefeito, candidato à reeleição, que também atuou na área de saúde e mobilidade urbana.
Aliado do governador Jerônimo Rodrigues e do PT, Geraldo Jr pode mostrar as realizações dos governos estaduais em Salvador, a exemplo do metrô, aplaudido na cidade, das novas vias de integração urbana, especialmente aquelas que ligam a preferiria à orla Atlântica, e outras e isso reforça a narrativa da importância do alinhamento com o governo estadual e federal. Mas nesse campo tem contra ele os índices de violência urbana, um tema que fatalmente será abordado na campanha.
Diferente do que se apregoa, o fato de Kleber Rosa poder levar um pedaço da esquerda mais radical para o seu lado não tem grandes inconvenientes, pois significa votos que não irão para o candidato do União Brasil e ajudam a viabilizar o segundo turno. Mas haverá um enorme prejuízo para a campanha se o candidato do PSOL começar a bater em Geraldo Jr. com a mesma intensidade que fará inevitavelmente em relação ao atual prefeito. Isso pode não acontecer, afinal o Psol ainda ocupa cargos no governo do Estado, mas pode ser a única saída para Kleber Rosa aumentar seu eleitorado.
De todo modo, será uma campanha que vai mobilizar o eleitor, afinal, diferente da eleição de 2020, que tinha a Major Denice como uma candidata completamente desconhecida do eleitorado, agora há dois candidatos de oposição que transitam politicamente na cidade. (EP – 05/08/2024)
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