O Ministro da Agricultura Carlos Fávaro assinou em 21 de março último a Portaria 665 através da qual reconheceu nacionalmente a Bahia e mais 16 Estados, incluindo Distrito Federal , como zonas livres de Febre Aftosa (FA) sem vacinação. Esse reconhecimento nacional é um passo importante para os 17 Estados pleitearem junto à OIE-Organização Mundial de Saúde Animal o certificado internacional de área livre de FA sem vacinação, certificado esse que pode facilitar sobremaneira o nosso acesso a mercados mais exigentes e de alto poder aquisitivo.
Durante os próximos 12 meses , a Bahia e demais Estados terão a última vacinação até o fim deste mês e depois de abril não poderão mais ter vacinação adicional nem receber animais oriundos de Estados que ainda terão de continuar vacinando seus rebanhos. Isso foi fruto de um trabalho conjunto do setor privado e governos no sentido de execução de um esforço bem coordenado de vigilância sanitária e de trânsito de animais entre os estados, dentre outras medidas.
A nossa expectativa é de que em 2025 ou no primeiro semestre de 2026, o referido certificado internacional seja concedido aos Estados contemplados na Portaria 665. Se isso ocorrer , esses estados se juntarão a Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do sul, Acre, Rondônia e parte do Amazonas e do Mato Grosso, que já têm a certificação internacional. Santa Catarina já tem esse status desde 2007 e os estados obtiveram o título em 2021.
Uma vez obtida a certificação internacional pela OIE, o Ministério da Agricultura passará a negociar com os principais mercados mais exigentes na importação de carnes, como Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Canadá e México, dentre outros países, que compram carne oriunda de rebanho sem vacinação e pagam preços mais remuneradores , na faixa de 25 a 30% a mais que os verificados nos mercados tradicionais. No caso do Canadá, como já temos equivalência de sistemas sanitários, o acesso ao mercado canadense tende a ser uma tarefa mais fácil.
É preciso ressaltar que a OIE considera o status de zona livre de FA sem vacinação um estágio sanitário superior ao de zona livre com vacinação. O Japão , por exemplo, não compra carne de gado vacinado, não vacina e já teve casos e registros de Febre Aftosa. Representa um mercado de quase 130 milhões de consumidores com elevado nível de renda percapita.
Já os EUA , por exemplo, embargaram nossas exportações de carne in natura em 2017, porque encontraram lotes de carne com problemas , devido à reação de alguns animais à vacina. As notícias da época davam conta de que os norte-americanos teriam supostamente encontrado cortes e amostras de carne com abcessos, daí o embargo às importações de carne brasileira in natura naquela ocasião.
Em suma, o Brasil está em processo de busca de um status sanitário superior, que pode lhe render o acesso a mercados de carnes mais remuneradores que os atuais. Ou seja, a nossa pecuária tem boas chances de mudar de patamar e alcançar um upgrade sanitário e comercial nos próximos anos, com a possível obtenção do certificado internacional de zona livre de FA sem vacinação junto à OIE.