Os incentivos não são às montadoras, mas à promoção de um desenvolvimento nacional menos desigual. O mapa da localização das fábricas do setor automotivo do Brasil fala por si mesmo: apenas uma delas se localizou e continua a existir no Nordeste e duas em Goiás. Haveria vantagens competitivas semelhantes nas diversas regiões brasileiras?
No mundo inteiro os incentivos são instrumento de combate às desigualdades regionais, que no Brasil são históricas e perceptíveis a olho nu.
O estudo feito pela CEPLAN sobre impactos dos incentivos à Stellantis mostra que a realidade econômica e social da Mata Norte de PE mudou significativamente e houve transbordamentos especiais para João Pessoa/PB e para o agreste pernambucano, onde se situa a fábrica de baterias Moura.
Na permanência destes incentivos por mais algum tempo, estaríamos engatando o NE na nova política nacional de reindustrialização, regando, em PE e BA, a semente da indústria automotiva brasileira do século XXI.
Estudos recentes da CEPLAN que consideram os incentivos e os investimentos em infraestrutura (destaque para SUAPE) mostram que, na contramão de tendencia nacional, Pernambuco se reindustrializou, diversificou e desconcentrou sua economia nas décadas recentes.
O Nordeste poderia até deixar de defender incentivos fiscais e financeiros se recebesse, nas próximas décadas, um volume de investimentos públicos em infraestrutura econômica e em educação, em padrão semelhante ao que foi destinado ao Sudeste nos séculos XIX e XX.
DESTAQUES de RESULTADOS do ESTUDO feito pela CEPLAN sobre impactos dos investimentos no polo automotivo de Goiana/PE
Tania Bacelar: Economista, Doutorado na Universidade de Paris I, especialista em desenvolvimento regional , Professora aposentada e Emérita da UFPE, ex Secretaria do Planejamento e da Fazenda de Pernambuco, ex Secretaria de Planejamento e Urbanismo do Recife, ex Secretaria de Politicas de Desenvolvimento Regional do Governo Federal.