A dengue é uma realidade perigosa no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) existe uma disparada dos casos de dengue nas Américas e o primeiro semestre terminou com 2,9 milhões de casos na região – entre confirmados e suspeitos. Isso é mais do que o total do ano passado (2,8 milhões).
Os países com maior incidência estão na América do Sul. A OMS destaca Bolívia, Peru e Brasil – que registrou mais de 2,3 milhões casos. Ou seja, quase 80% do total. As epidemias de dengue obedecem a um ciclo, aparecem com mais força a cada três ou cinco anos. Essa é uma das razões apontadas pela OMS para explicar a alta de casos.
No Brasil, 2023 apresentou um aumento de mais de 70% no número de casos na comparação com a média dos últimos cinco anos. Vale lembrar que a dengue pode evoluir para quadros graves como chamada dengue hemorrágica. Mais de 800 pessoas já morreram de dengue no Brasil esse ano. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, além do ciclo natural da doença, as falhas nas políticas de enfrentamento, a mudança climática e fenômenos como o El Niño – que deixam o clima mais quente – interferem nos números.
“Temas que são relacionados a infraestrutura. A disponibilidade de água, a coleta de lixo e residuais. Então, tem coisas que são, também, fora do setor da saúde”, contou Thais dos Santos, assessora de Vigilância e Controle de Doenças Arbovirais da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O Ministério da Saúde admite que a pandemia de Covid desorganizou o combate nacional ao Aedes aegypti, vetor da doença. “A pandemia impactou bastante. Nós temos uma ação dos nossos agentes de combate à endemia que, durante esse período, ficaram com as ações bastante prejudicadas. Nós tivemos uma descontinuidade na compra de alguns produtos, de inseticidas, utilizados para o combate do vetor”, explicou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde.
Já existe vacina contra a dengue, mas elas ainda não estão disponíveis no SUS. Existem duas aprovadas pela Anvisa: uma do laboratório francês Sanofi Pasteur, que só pode ser utilizada por quem já teve a doença. E outra para um público mais amplo, da farmacêutica japonesa Takeda, aprovada esse ano. As duas têm restrições de idade. Por enquanto, elas são encontradas apenas em clínicas particulares. O Ministério da Saúde informou que a vacina japonesa está sendo avaliada para entrar no SUS.
Foto: Paulo Whitaker/Reuters