Colocar a vida financeira em dia exige comprometimento e mudança de postura em relação às finanças. Não será exatamente rápido sair das dívidas, mas com um bom planejamento é possível encerrar o ciclo de endividamento. A falta de planejamento financeiro é um dos grandes responsáveis pelo alto índice de inadimplência no país. De acordo com o último Mapa de Inadimplência e Renegociação de Dívidas do Serasa, o Brasil atingiu 71,9 milhões de famílias endividadas, um total de 44,9% de lares no país. Já o estado da Bahia está em 18º lugar no ranking de inadimplentes, batendo 41,3% de devedores.
O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Unime, Constantino de Carvalho Oliveira Neto, ressalta que sair das dívidas é tarefa difícil e que exige determinação. “Muitas pessoas se encontram em situação de extrema fragilidade financeira e não fazem ideia de como ‘sair do fundo do poço’. Considerar a ajuda de um profissional da área pode nortear os primeiros passos para solucionar a crise. É preciso paciência e disciplina para ajustar o estilo de vida e equilibrar a renda com os gastos mensais”, explica o docente.
Ainda de acordo com Constantino, o maior vilão do endividamento das famílias são os cartões de crédito, cuja taxa média está em 201% ao ano e o percentual médio do cartão rotativo (cobradas de clientes que não quitam toda a fatura mensal) é de 448% ao ano, ou seja, é um crédito ruim e a inadimplência com cartão chega a mais de 50%.
Para evitar o endividamento e alcançar a estabilidade financeira até o final do ano, o especialista sugere algumas estratégias simples e eficazes: relacione todas as dívidas e entre em contato com os credores para negociar os pagamentos, procure feirões que ofereçam descontos de até 99% para renegociar suas dívidas e utilize o 13º salário para amortizar essas pendências.
Além disso, o coordenador destaca a importância do autoconhecimento para evitar novas dívidas. Compreender o motivo das compras, evitar compras compulsivas, comparações sociais, materialismo e vulnerabilidade de consumo são fatores cruciais para um melhor controle financeiro. Para equilibrar a renda, ele sugere destinar 50% para gastos essenciais, como aluguel, alimentação e transporte; 30% para estilo de vida, como academia e lazer; e 20% para pagamento de empréstimos ou investimentos.
Para evitar novas dívidas, o coordenador aponta as seguintes dicas:
– Tenha uma planilha de controle de gastos, incluindo despesas fixas mensais e gastos com cartão de débito.
– Faça uma lista antes de ir ao supermercado, defina uma data fixa para compras mensais e pesquise preços.
– Evite ter muitos cartões de crédito, priorize o pagamento à vista e, se precisar parcelar, escolha o número de parcelas sem juros.
– Opte por um carro mais econômico e faça revisões regularmente para evitar gastos excessivos com reparos.
– Planeje passeios com uma média de gastos prevista e busque opções de lazer gratuitas.
– Adote hábitos de consumo consciente para economizar alimentos, água e energia.
– Ao renovar o contrato de aluguel, proponha uma renegociação ao proprietário e explique sua situação.
– Organize-se para os pagamentos sazonais do primeiro trimestre do ano, como IPTU, IPVA e mensalidades escolares, utilizando, se possível, o 13º salário para fazer reservas.