Os ataques golpistas aos prédios públicos brasileiros não tiveram qualquer impacto no mercado financeiro e de investimentos e a explicação é simples: o mercado não quer golpe, nem um novo ciclo de instabilidade política, e já precificou Lula.
Precificar no jargão da Bolsa de Valores significa que já está contabilizado na estratégia de negócios determinado evento e a valorização, o custo ou o prejuízo que ele pode trazer. E o fator Lula já está nas estratégias das empresas brasileiras. O empresariado, pelo menos os racionais, não apostam em golpe de estado ou coisa semelhante e todas as associações empresariais do país apressaram-se em condenar os atos terroristas do último domingo.
A condenação reflete o interesse do empresariado em voltar à normalidade, já que a instabilidade política é ruim para os negócios e para a economia. E, convenhamos, nenhum empresário – a não ser os aloprados e aqueles poucos que se tornaram radicais políticos ou resolveram financiar os atos terroristas – seria crédulo o suficiente para acreditar que um grupo de radicais, mobilizados pelo pagamento de comida, transporte e diárias e sem apoio de qualquer força política expressiva, fosse capaz de derrubar os poderes constituídos da República.
Na verdade, esse movimento terrorista teve o condão de unir o país e os poderes constitucionais e fortaleceu o presidente eleito. O fato é que o empresariado brasileiro não pensa em golpe de estado e o mercado já precificou a era Lula. Isso não significa que os empresários e o mercado fecharam com o presidente eleito, mas sim que está em curso todo tipo de negociação e de pressão que, através dos meios constitucionais, são utilizados pelos setores econômicos para defender seus interesses.
Tampouco significa que Lula vai voar em céu de brigadeiro, pelo contrário, a luta política será renhida e o governo terá de fazer concessões, pois o Congresso Nacional é o desaguadouro de todos os pleitos da sociedade, mas a luta terá de se dar no âmbito político e ser mediada pelo Poder Judiciário. É assim que funciona a democracia. O mercado já precificou Lula e incluiu no seu planejamento estratégico a possibilidade de uma política fiscal mais frouxa, mas seus agentes estão a todo momento alertando o governo sobre os perigos de abrir a torneira dos gastos ou de voltar atrás em conquistas já consolidadas como a reforma trabalhista e a reforma previdenciária.
E basta um pouco de atenção para ver que a imprensa – que os radicais bolsonaristas dizem ser sempre a favor de Lula – já criticam abertamente determinadas posições econômicas do governo. E é possível ver que o empresariado já tem interlocutor no governo e discute com o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, como dinamizar os setores econômicos e como evitar que medidas prejudiciais à economia sejam adotadas. É assim que funciona a democracia e será através dela que a esquerda e a direita terão de se manifestar.
A ANP E OS POÇOS DA BAHIA
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) interditou 37 poços de petróleo da Petrobras no chamado Polo Bahia Terra, por conta de “situações críticas de falhas de conformidade de segurança operacional”. É possível que haja insegurança em alguns poços e as falhas precisam ser sanadas, mas não há justificativa para interditar todo o polo. A interdição vai gerar desemprego e derrubar as finanças de vários municípios que deixarão de receber royalties. A medida prejudica um setor que a Petrobras está privatizando porque campos maduros de petróleo não são lucrativos para o tamanho da estatal. Voltarei ao assunto, pois o impacto da medida implica em desemprego e afetará a indústria baiana como um todo.
BAHIA: INFRAESTRUTURA E CULTURA NO GOVERNO LULA
A posição forte da Bahia no governo federal, com o ex-governador Rui Costa comandando a Casa Civil do governo, o governador Jerônimo Rodrigues com acesso direto ao presidente Lula e aos ministérios, a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, comandando uma área fundamental para o estado e o secretário Marcus Cavalcanti chefiando o PPI – Programa de Parceria de investimentos abre espaço para a Bahia negociar uma lista de projetos de porte para serem incluídos no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, que será reeditado, bem como em outras áreas, inclusive na área cultural, na qual a Bahia tem de pensar grande e se colocar no seu papel de grande estado produtor de cultura.