Encabeçada por mulheres da comunidade quilombola do Cangula, no município de Alagoinhas (BA), a produção de sabonetes artesanais, com propriedades medicinais e terapêuticas, será ampliada com a inauguração do Núcleo de Saboaria do projeto Farmácia Verde, que ocorreu nesta quarta-feira, 23.
A unidade, localizada na associação de moradores, aumentará a capacidade produtiva do grupo em até 100%.
“Agora, temos um local e equipamentos adequados para fazer nossos sabonetes, de forma ainda mais profissional. Para nós, é a realização de um sonho”, afirma Valcineide Santana, coordenadora do Farmácia Verde do Cangula e uma das 10 mulheres envolvidas diretamente no projeto, que conta com o apoio dos investimentos sociais da Bracell.
Neide, como é mais conhecida, conta que antes os sabonetes eram feitos em uma estrutura improvisada, nas casas das integrantes ou na cozinha da associação, o que interferia na produção. “Com o núcleo, poderemos produzir mais de 100 sabonetes por dia, ampliando a geração de renda. Nosso desejo é que, em um futuro próximo, as mulheres que participam do projeto, na sua maioria agricultoras familiares, possam viver só com a receita da produção do Farmácia Verde e essa estrutura é um passo para isso”, afirma.
Criado em 2017, o projeto surgiu para potencializar os conhecimentos ancestrais da comunidade quilombola do Cangula na criação de produtos com base natural, como aromatizantes, medicamentos, velas e sabonetes. Para isso, as participantes contam com cursos de capacitação, envolvendo o estudo e aplicação da fitoterapia e contemplando conhecimentos sobre a interação das plantas com o corpo humano e orientações para a comercialização dos produtos.
Em 2021, as integrantes do Farmácia concluíram o Curso de Extensão Universitária em Naturoterapia, fruto de parceria entre Bracell, Instituto de Ciências e Naturoterapia da Bahia (ICNB) e Faculdade Cristã da Bahia (Unicristã), com assessoria técnica da Lélis Consultoria.
“A Bracell está com a gente desde o início desse processo, oferecendo as capacitações e ajudando na estrutura, e, sem dúvida, é uma parceria muito produtiva”, diz Neide. O projeto ainda conquistou um edital implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sob a coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente, no valor de R$ 250 mil, para a construção do laboratório de manipulação de medicamentos e a estruturação de uma horta de plantas medicinais. A obra, que marcará mais uma etapa no fortalecimento do Farmácia Verde, terá início no próximo ano, assim como a capacitação da comunidade.
O projeto do núcleo traduz também seu propósito e o ambiente em que está inserido, fruto de um trabalho coletivo que movimentou toda a comunidade e voluntários da Bracell. A nova sede conta com as ilustrações da artista local Rejane Santos (@reinventa) e móveis artesanais do ateliê Criativa Tomtom (@criativatomtom).
A gerente de Relações Institucionais e Responsabilidade Social da Bracell, Mouana Fonseca, destaca que o apoio ao Farmácia Verde, desenvolvido por uma comunidade com conhecimentos ancestrais, faz parte do compromisso da companhia com o desenvolvimento sustentável de todo seu entorno. “Nosso intuito é contribuir com a transformação social, dando alicerces para que os projetos que apoiamos, como o do Cangula, possam se devolver de forma autônoma, potencializando o crescimento dos seus integrantes e melhorando a geração de renda”, pontua a gestora, informando que a empresa investiu em 2021, por meio do Bracell Social, mais de R$ 4,1 milhões em 26 projetos, beneficiando mais de 100 mil pessoas na Bahia e em São Paulo.
Fotos: Uendel Galter