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NEGROS SÃO 98% DOS MORTOS EM OPERAÇÕES POLICIAIS NA BAHIA

Redação - 17/11/2022 07:00 - Atualizado 17/11/2022

“A sensação de medo se sobressai à de segurança quando vejo a polícia. Negros são tratados com mais violência. E o extremo disso é a morte”, afirma  Rodrigo Rocha, 25 anos.

O temor do jovem, infelizmente, se justifica pelas estatísticas: na Bahia, 98% das pessoas mortas em ações ou operações policiais são negras, de acordo com o relatório da Rede de Observatórios da Segurança Pública divulgado nesta quarta-feira (16).

É o maior percentual do país de pretos e pardos mortos pela polícia quando são descartados os casos sem as informações de raça e cor. Na análise do Observatório, utiliza-se o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera a população negra a soma das pessoas pretas e pardas. O período analisado pela Rede foi o ano de 2021. Das 616 pessoas mortas no ano passado, com informações sobre cor e raça registradas, 603 eram negras. Em números absolutos, o estado é o mais letal da região Nordeste. Nacionalmente, fica atrás apenas do Rio de Janeiro, que registrou 1060 mortes de negros no ano passado.

Luciene Santana, cientista social e pesquisadora da Rede de Observatórios na Bahia, aponta duas dimensões preocupantes nos dados. A primeira é a letalidade das ações policiais que deveriam agir pela manutenção da vida e proteção das pessoas. A segunda é o racismo estrutural como motor dos números. “Quase que só pessoas negras têm sido mortas pela polícia e isso não acontece por serem maioria no estado. Se você compara o número de negros no empresariado e em cargos de poder com o percentual de mortes em operações, vê o racismo e como as pessoas estão mais expostas à violência pela cor da pele”.

Procurada pela reportagem  para responder sobre os dados levantados pelos Observatórios e comentar a letalidade das ações e operações das forças de segurança do estado, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) não respondeu aos  questionamentos até o  fechamento da edição, às 23h.

Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

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