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A PRÉVIA DO PIB MOSTRA QUE A ECONOMIA NÃO VAI BEM

Redação - 20/10/2022 08:56 - Atualizado 20/10/2022

Tem sido uma tarefa árdua explicar a inconsequente política econômica do governo. Isso porque alguns indicadores parecem mostrar que a economia está crescendo de forma sustentável, a inflação está caindo e a arrecadação subindo, mas esses indicadores são ilusórios e a verdadeira situação começa a ser desvendada.

O PIB efetivamente cresceu no 1º semestre de 2022, mas quem conhece economia sabe que não pode haver crescimento sustentado com taxas de juros altíssimas e o Brasil tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Mas agora, confirmando os ensinamentos da ciência, chegam os resultados do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), que é uma prévia do PIB, mostrando que em agosto o PIB caiu 1,13%, o que parece ser o início de um ciclo de inflexão para baixo nos próximos meses.

Como explicar, no entanto, o crescimento do PIB no 1º semestre? São duas as explicações: uma delas é a retomada pós pandemia e a outra é o fato do Presidente Jair Bolsonaro, apesar de pregar o liberalismo, ter feito uma monumental intervenção do Estado na economia. A economia cresceu no 1º semestre refletindo a retomada pós pandemia, após dois anos de restrições, impulsionado pelos serviços e pelo turismo que só a partir de janeiro de 2022 puderam retomar a atividade plena.

Até aí tudo bem, mas o problema é que, de olho na eleição, Bolsonaro injetou bilhões na economia: antecipou o 13º para aposentados, liberou recursos do FGTS, retirou impostos dos setores de combustíveis e energia, aumentou o valor do Auxílio Emergencial, retirou impostos de setores específicos e generalizou os empréstimos de bancos públicos tornando a Caixa Econômica Federal um braço eleitoral do governo. Medidas assim estimulam a economia, mas são desagregadoras e seus efeitos danosos se darão em 2023, quando haverá redução no crescimento econômico, queda na arrecadação de impostos e uma monumental crise de financiamento do governo federal,  estados e municípios.

Mas, vale lembrar, que o PIB  só cresceu no 1º semestre  porque a economia demorou para  sentir os efeitos do aumento da taxa de juros, que leva de quatro a seis meses para atingir o setor produtivo. E só agora o impacto dos juros altos está se materializando e vai derrubar a economia, pois implica uma redução drástica no crédito, no consumo e no investimento e basta olhar  a desaceleração no setor de construção civil,   a paradeira generalizada no comércio e o índice baixo de investimentos para perceber isso.

E o efeito já se vê na prévia do PIB em agosto que começa a desmascarar uma política econômica irracional,  que é retracionista. e aumenta os juros para reduzir o consumo e a inflação, e ao mesmo tempo expansionista, pois injeta bilhões no mercado estimulando o consumo e a inflação. Mas a  mentira econômica do governo Bolsonaro começa a ser desmascarada demonstrando que o crescimento não é sustentável, que o orçamento foi desmantelado, que o teto de gastos está cheio de furos e que o financiamento do setor público foi comprometido.

                                   A GASOLINA VAI VOLTAR A SUBIR

 Era consenso a necessidade de uma nova política para os preços dos combustíveis que, entre outras medidas, incluía a redução dos impostos. Mas o governo Bolsonaro simplesmente reduziu, sem planejamento, os impostos em todos os níveis. Com isso, os preços caíram momentaneamente, mas foi criado um enorme furo no financiamento do setor público, inclusive estados e municípios. Com a redução da produção de petróleo decidida pela OPEP, os preços voltaram a aumentar. E o valor médio do litro de gasolina no país passou de R$ 4,79, na primeira semana de outubro para R$ 4,86 na semana passada. E a Petrobras já precisa aumentar de novo, mas esses e outros aumentos só virão após as eleições.

                                      O LIMITE DA IRRESPONSABILIDADE

No limite da irresponsabilidade, o governo Bolsonaro autorizou os bancos a realizar empréstimos consignados aos beneficiários do Auxílio Brasil, cobrando juros de 3,5% ao mês. É irracional. O governo viabiliza um benefício, geralmente utilizado para compra de alimentos, mas ao mesmo tempo permite que esse recurso vá aumentar o lucro dos bancos, reduzir mensalmente o benefício e endividar o beneficiário. No limite da irresponsabilidade, o governo Bolsonaro permite a utilização do FGTS futuro para o financiamento de imóveis. É irracional, pois se for demitido o trabalhador não poderá mais sacar o recurso e a empresa financiadora terá de tomar o imóvel pois não haverá mais parcelas futuras.

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