Em setembro, mais um dado negativo da inadimplência na cidade de Salvador. Segundo a PEIC – Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, a taxa de famílias com dívidas em atraso subiu pela oitava vez seguida e atinge 42,1%, maior nível em 12 anos.
“São quase 400 mil famílias (393,1 mil) que estão com compromissos não pagos até a data do vencimento, o que nesse momento é muito delicado dado o aumento expressivo dos juros. Em um ano, houve aumento de 90 mil famílias nessa situação”, relata o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
O endividamento também subiu no mês, de 64,8% em agosto para os atuais 65,1%. Atualmente, são 608,3 mil famílias na capital baiana que possuem algum compromisso via crédito. Ao contrário da inadimplência, houve queda na comparação anual, uma redução de 64 mil famílias que não possuem mais dívidas.
Outro ponto de atenção na pesquisa é o percentual de famílias que já dizem que não terão condições de pagar a dívida em atraso, de 14,6%, maior patamar desde 2012, significando em números absolutos 136,6 mil famílias, muito acima dos 80 mil registrados no mesmo período do ano passado.
“A combinação de inflação e juros altos tem sido o principal fator do aumento da inadimplência. Embora o mercado de trabalho tenha reagido ao longo dos últimos meses, o salário médio não tem acompanhado o avanço da inflação”, aponta o economista.
Entre os endividados totais, o principal tipo de dívida é o cartão de crédito com 84,7%. “Vale o destaque que esse percentual, apesar de muito elevado, é o menor desde dezembro de 2017. Por outro lado, o crédito pessoal ficou com 10,6% dos endividados, o maior da série histórica para esse tipo de crédito.
E com esse cenário de recorde de inadimplência, é mais comum haver a renegociação de dívida, diretamente pelas empresas ou indiretamente através de instituições como o Serasa.
Os números de forma geral, mostram que as famílias têm um longo caminho pela frente para controlar o orçamento doméstico. “Embora não gere ganhos imediatos ao varejo, o setor se beneficia num segundo momento com o maior poder de compra das famílias e de forma mais segura e consistente”, salienta o consultor econômico da Federação.