O futuro da Bahia depende da disponibilidade de infraestrutura e nessa área ainda persistam gargalos importantes, embora os avanços tenham sido grandes. Os gargalos são óbvios e todos eles têm o DNA do governo federal. O maior gargalo é a rodovia Salvador-Feira, a BR 324, que faz a 4ª maior cidade do país ficar refém de uma concessão que se mostrou incapaz de gerir a mais importante ligação rodoviária do estado.
O segundo gargalo é a FCA – Ferrovia Centro Atlântica, única ligação ferroviária do Nordeste e da Bahia com o Sudeste e que, controlada pela VLI (leia-se Vale), está semiabandonada e há mais de 30 anos não recebe investimentos de porte. Os trens da FCA transportam a Bahia para o século XIX ao passarem todos os dias pela ponte de Cachoeira e São Felix, construída pelo imperador D. Pedro II. E o pior é que o governo federal está prestes a renovar essa concessão sem que a empresa garanta qualquer investimento de porte na ferrovia. Os outros gargalos, também com DNA federal, são a duplicação da BR 101 – Norte, ligando Feira de Santana a Sergipe e a duplicação da BR 116 Norte.
Mas, apesar disso, os avanços são muitos. É possível citar, por exemplo, a concessão da FIOL I, que liga ilhéus a Caetité, que, acoplada ao Porto Sul, vai se transformar num grande corredor de exportação da Bahia. E, quando for concretizada a Fiol II, que liga Caetité a Barreiras, e a Fiol III, de Barreiras a qualquer cidade de Goiás, o mais próximo possível da Ferrovia De Integração Centro Oeste (FICO), a Bahia será parte de um grande corredor de exportação de grãos.
Outro avanço significativo está dado pelos investimentos estaduais em infraestrutura, especialmente aqueles que possibilitaram a recuperação de grandes eixos rodoviários, como a BA 210, a Estrada do Feião e a ligação entre Nazaré/ Ilhéus, além da construção da ponte Xique-Xique/Barra e muitos outros. É o secretário de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, que destaca esses investimentos, lembrando a construção de aeroportos, como o de Conquista, Senhor do Bonfim e Lapa, a licitação do Terminal de Passageiros de Barreiras e a PPP do novo aeroporto de Porto Seguro.
Indago a Cavalcanti sobre o gargalo portuário, lembrando que Salvador tem hoje um moderno porto de contêineres e que há novos investimentos no Porto de Aratu. Ele concorda, lembra que o Estado está recebendo de volta do porto da Ford, após requalificação e que o Estaleiro Enseada tem localização perfeita para ser um porto, mas lembra que nosso grande porto exportador é Aratu e que “não chega trem no Porto de Aratu”. E novamente voltamos ao problema da Ferrovia Centro Atlântica e o secretário diz que a renovação antecipada da concessão, como quer o governo federal, só pode sair com a garantia de que seja construída a variante de Camaçari, seja solucionado o problema da ponte Cachoeira São Felix e requalificada a linha sul até Corinto em Minas.
Pergunto sobre a região Oeste e a queixa dos produtores com relação a estradas vicinais e energia. Cavalcanti diz que a região vem sendo comtemplada, que neste momento está sendo construído o anel da soja, ligando a região ao Tocantins, e que para as vicinais o governo está aplicando R$ 25 milhões por ano, que pode se tornar R$ 50 milhões com recursos dos produtores, no Prodeagro, programa para financiar a pavimentação de vicinais.
Mas admite que a falta de energia na região impede a ampliação da área plantada, porque não existe linhas de transmissão, lembrando que o Nordeste e a Bahia são superavitários em energia, especialmente com a eólica e solar, mas não consegue escoar por falta de linhões. Pois é, houve investimentos importantes na infraestrutura da Bahia e precisa haver mais, para solucionar os gargalos, pois aí está a chave para o desenvolvimento do nosso Estado.
O SECRETÁRIO E A INFRAESTRUTURA
O secretário de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, diz a esta coluna que neste momento estão em construção ou recuperação 2000 km de estradas e 2500 km estão em licitação, com recursos de R$ 1,2 bilhão. Destaca as obras na rodovia que liga Itambé e Conquista a BR 242, a recuperação do trecho Teixeira de Freitas e Alcobaça e os R$ 100 milhões que estão sendo aplicados na eliminação de 1000 pontos críticos nas estradas baianas. Enfatiza também as grandes obras de infraestrutura do governo do Estado, como a ponte de Xique-Xique/Barra, a ponte do Pontal em Ilhéus, a duplicação da rodovia ilhéus/Itabuna, o gasoduto de Itagiba e o contrato para a construção da ponte Salvador-Itaparica e outras.