Já pensou em receber um alerta sobre tiros no seu bairro quando estiver voltando para casa? Ou utilizar dados exclusivos sobre mortes e crimes cometidos com arma de fogo para cobrar políticas públicas que tragam mais segurança no seu estado? Pois então, isso é possível graças ao Fogo Cruzado, que chega dia 1º de julho à cidade de Salvador e região metropolitana. O aplicativo* Fogo Cruzado, que está à serviço da segurança pública da população, funciona de forma colaborativa e anônima, a partir do registro de dados e informações sobre tiroteios e violência por arma de fogo*.
Presente desde 2016 mapeando a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e desde 2018 mapeando a Região Metropolitana do Recife, o app foi criado pelo Instituto Fogo Cruzado, e chega à Bahia não apenas para alertar às pessoas sobre os disparos, mas, também, para produzir dados, análises e identificar informações muitas vezes ocultadas pelos órgãos de segurança pública dos governos municipais e estaduais.
Fogo Cruzado na Bahia
Dentre as motivações para a vinda à Bahia, estão: estado onde há mais homicídios no nordeste; pouca transparência em dados públicos; pouca diversidade de informação; alta taxa no homicídios por arma de fogo; mortes em ações policiais são quase 20%; região com maioria da população negra e consequentemente sofrimento com o racismo institucional; relação territorial com tráfico internacional de armas e drogas; atuação de oito facções na Bahia, que só perde para o Rio Grande do Sul, que possui 13.
“É importante buscar os dados, mas fazer a leitura e traduzir as informações. Precisamos ter em mente que os governos não vão produzir informações contra si com tanta facilidade. Quando o Fogo Cruzado nasceu não existia informação sobre tiroteios no Rio de Janeiro. Existia de homicídios, tentativas de homicídios, mas os desdobramentos não. Hoje a gente levanta mais de 20 indicadores”, dados estes que vão desde chacinas às balas perdidas, explica Cecília Olliveira, especialista em segurança pública e diretora executiva do Fogo Cruzado. E completa: “a não produção de informação é uma decisão política estratégica. Porque se você não tem a informação, o problema some. Parece que não existe”.
Para baixar o aplicativo, basta escrever “Fogo Cruzado” nas buscas para sistemas iOS ou Android. “Basta isso para enviar informações relativas a tiros como um todo. Se está acontecendo agora, manda. Viu algo? Manda! Nós colocamos na base de dados e se isso aconteceu imediatamente, soltamos o alerta no app. E assim, as pessoas vão poder analisar se chegam no local, ou não. Se aconteceu em outra hora e não precisa do alerta, ok também, coloca na base de dados”, explica Cecília Olliveira. Todas as informações enviadas possuem geolocalização e todo mês é divulgado um relatório dos dados computados. Além de receber notificações de usuários diretamente via aplicativo de forma anônima, a equipe de gestão de dados do Fogo Cruzado também adiciona à base de dados as informações coletadas via imprensa e canais das autoridades policiais.
Foto: divulgação