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DESMATAMENTO E MUDANÇAS DO CLIMA AGRAVAM RISCO DE SECA

Redação - 06/02/2022 11:00

Mudanças drásticas no uso do solo para a expansão do agronegócio, aliadas aos efeitos das mudanças climáticas na zona de transição entre o leste da Amazônia e o Cerrado, podem estar induzido à um agravamento das condições da seca severa no país. Com a exploração desordenada, a estabilidade dos biomas pode estar sendo colocada em risco e, consequentemente, também a produção dos alimentos na nova fronteira agrícola brasileira. Trata-se da chamada região do “Matopiba”, que compreende Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, responsável por quase 12% da produção da soja, principal commodity de ração animal produzida pelo Brasil.

É o que aponta um estudo realizado por pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O artigo foi publicado na revista “Scientific Reports”.

“Os resultados evidenciam um aumento na temperatura, déficit de pressão de vapor, frequência de dias secos e diminuição na precipitação, umidade e evaporação. Também apontam um atraso no início da estação chuvosa, o que aumenta o risco de incêndio durante a estação de transição seca para úmida. Esses processos podem se tornar mais intensos no futuro”, explica José Marengo, coordenador-geral de pesquisa do Cemaden e primeiro autor do estudo. “Se nada for feito, a produção agrícola vai cair porque é fortemente dependente do clima”, afirma o pesquisador. O trabalho teve a participação de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e das universidades de Valência, na Espanha, e de Grenoble, na França.

Os cientistas usaram uma combinação de dados meteorológicos e de satélites para analisar mudanças nas variáveis hidrológicas e climáticas na América do Sul tropical durante as últimas quatro décadas. As regiões que sofreram aquecimento de longo prazo ou apresentaram tendência de seca no período de 1981 a 2020 foram identificadas por meio da análise de padrões espaciais para diferentes variáveis radiativas, atmosféricas e hidrológicas. “Esses achados fornecem evidências observacionais da pressão climática crescente nessa área [Matopiba], que é sensível para a segurança alimentar global, e a necessidade de conciliar a expansão agrícola e a proteção dos biomas tropicais naturais”, avalia Marengo.

Foto: divulgação

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