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A ECONOMIA NÃO PODE ESPERAR A ELEIÇÃO – ARMANDO AVENA – COLUNA NO JORNAL A TARDE

Redação - 13/12/2021 10:23

Escrevo este artigo antes da conclusão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mas todos já sabem que o resultado dela será um aumento de 1,5% na taxa de juros que vai terminar o ano em 9,25% ao ano. Com isso o Brasil voltou a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) entre os 40 principais países do mundo. É quase consensual que é imprescindível elevar os juros para evitar a disparada da inflação, mas não é possível continuar centrando todo esforço anti-inflacionário apenas no aumento dos juros, pois isso vai representar um alto custo para a economia.

Os compêndios da ciência são claros: o aumento nos juros serve para reduzir a demanda e obrigar a queda nos preços, Até aí tudo bem, mas é preciso lembrar que a inflação brasileira  neste momento não tem origem apenas na demanda, boa parte dela é oriunda de fatores que independem das curvas de oferta e procura.

O aumento nos preços dos combustíveis, por exemplo, não reflete aumento na demanda, é um movimento relacionado com o preço internacional do petróleo e o mesmo pode se dizer dos aumentos da energia elétrica, vinculados ao baixo nível dos reservatórios. Esses preços vão ser repassados para as mercadorias e serviços, independente dos juros. Ora, se a inflação não está sendo criada apenas pela demanda e o fato do PIB ter caído nos dois últimos trimestres, caracterizando uma recessão técnica, demonstra que só o aumento nos juros não resolve a questão.

Além disso, é  consensual que o aumento nos preços tem relação com a incerteza causada pela fragilidade da política fiscal e com o by pass no teto de gastos, o que significa que o governo precisa acenar com propostas que demonstrem o compromisso com o ajuste fiscal. Ao mesmo tempo, é também consensual que a cotação do dólar está em patamar que estimula o processo inflacionário e o Banco Central precisa agir aplicando uma política cambial mais agressiva.

 Ou seja, não se pode centrar a política de controle da inflação apenas na taxa de juros, é preciso uma solução para os aumentos nos combustíveis e a adoção de medidas na área fiscal e cambial. Economistas calculam que um aumento de 1% na Selic significa uma queda de pelo menos 0,25% no PIB, e que a trajetória de aumento continuado nos juros faz a dívida pública crescer a níveis exponenciais, por isso, se o Banco Central continuar focando apenas nessa política, teremos um ano de 2022 de baixo crescimento ou recessão e nada garante que a inflação cairá, até porque já estão em ação os movimentos de indexação com as categorias de trabalhadores pedindo  aumentos salariais e com novos contratos já impondo cláusulas de indexação. Ou seja, no que se refere à economia, não dá para esperar o resultado da eleição: é preciso agir já.

                               CACAU EM ALTA

Finalmente uma boa notícia sobre o cacau, que já foi o principal produto de exportação da Bahia.  A safra em 2021 bateu recorde e, de janeiro a outubro, a Bahia registrou uma produção de 118 mil toneladas, um crescimento de 41% em relação ao ano passado. Com isso, a Bahia passou a produzir 70% do cacau brasileiro, enquanto o Pará, cuja safra se reduziu em 33%, colheu apenas 43 mil toneladas. Os dados são da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau. E o cacau da Bahia volta a ser destaque, com suas amêndoas premiadas em concursos nacionais e internacionais  e estão surgindo fábricas de chocolate fino, gourmet, que está também está sendo reconhecido no mundo.

                           ENCONTRO LÍTERO-EMPRESARIAL

No mercado editorial, quem escreve um livro recebe apenas 10% do preço de capa, sendo que o restante vai para a editora e para a livraria. Literatura não dá dinheiro, mas dá um prazer danado. Por isso, gostaria de convidar meus leitores e amigos para o lançamento do meu décimo livro, Os 7 Vocábulos, nesta quinta-feira, dia 9 de dezembro, na nova Livraria Leitura do Salvador Shopping, no 2º piso, a partir das 18:00. Teremos oportunidade de reunir a sociedade baiana, os empresários e intelectuais num encontro lítero-empresarial. O livro não é sobre economia, mas conta algumas histórias sobre Salvador e seus personagens e, afinal, nem só de economia vive o homem.

Publicado no jornal A Tarde em 09/12/2021

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